O crack é uma droga ilícita derivada da cocaína e um dos entorpecentes mais letais do mundo. Sua produção é obtida a partir de uma planta conhecida popularmente como coca e a fabricação inclui substâncias extremamente tóxicas, como solvente, ácido clorídrico, amônia, entre outras. Não é de surpreender que o uso do crack cause milhares de mortes todos os anos. Mas há uma faixa de usuários que consegue se apoiar na força de vontade e procurar ajuda profissional para superar o vício.
Em 2022, a Rede Acolhe, programa para tratamento gratuito de dependentes químicos do Governo de Alagoas, registrou 5.207 encaminhamentos a comunidades terapêuticas de pessoas buscando livrar-se do vício em álcool e outras drogas. Desse total, 47% dos casos (2.449), foram motivados pelo uso de crack, o que demonstra o poder de dependência do entorpecente. Em muitos casos, um mesmo usuário apresenta dependência de mais de uma substância, o que multiplica ainda mais os números do tratamento. Em 2022, além do crack, houve encaminhamentos relacionados à dependência de álcool (4.382), maconha (3.028), cocaína (2.136), entre outros vícios.
Segundo Lideilma Alves, superintendente de Políticas sobre Drogas da Secretaria de Estado de Prevenção à Violência (Seprev), que coordena a Rede Acolhe, o índice elevado na progressão do crack para a dependência acontece em razão do efeito mais rápido e intenso da droga no organismo.
"Como é uma droga inalatória, ela é rapidamente absorvida pela corrente sanguínea e levada ao sistema nervoso central, provocando efeitos de recompensa quase imediatos. Porém, a sensação de prazer também é muito rápida, o que acaba resultando na repetição do uso", esclarece.
Sobre as consequências no organismo, Lideilma Alves ressalta que é comum que usuários de crack passem longos períodos sem se alimentar ou dormir por causa da droga, o que deixa o dependente químico suscetível a uma série de problemas como desnutrição, queda de imunidade e à ocorrência de doenças como pneumonia e outras complicações.
"Os riscos são vários. Pode acontecer desde o aumento da frequência cardíaca e da pressão arterial até possíveis isquemias, infartos e outros problemas cardíacos. Além disso, o uso contínuo do crack também pode motivar a uma variedade de manifestações neurológicas, incluindo acidente vascular cerebral, dores de cabeça, tonturas, inflamações dos vasos cerebrais, atrofia cerebral e convulsões", acrescenta.
O secretário de Prevenção à Violência, Kelmann Vieira, destaca a importância da ajuda profissional para quem deseja abandonar o vício.
"Infelizmente a dependência química envolve uma série de fatores orgânicos, psíquicos e sociais que tornam o processo de superação doloroso para o dependente. A equipe multidisciplinar da Rede Acolhe, formada por psicólogos, assistentes sociais, advogados e técnicos, dão o suporte necessário para que a pessoa que deseja mudar de vida tenha sucesso em sua caminhada", afirma.
ESTRUTURA E ATENDIMENTO
Atualmente, a Rede Acolhe conta com 34 comunidades acolhedoras que oferecem 750 vagas, na capital e no interior do estado, para pessoas que desejam abandonar o vício e iniciar uma nova jornada com mais saúde e dignidade. As vagas estão disponíveis para homens, mulheres e adolescentes a partir dos 12 anos de idade.
"Todos os anos, temos milhares de pessoas retornando ao seio familiar de cabeça erguida, ingressando no mercado de trabalho e reescrevendo suas histórias após concluírem o tratamento na Rede Acolhe. Oferecer esse serviço tem sido uma das missões do Governo de Alagoas, que, sob o comando do governador Paulo Dantas, tem investido no tratamento de dependentes químicos em nosso estado", disse o secretário.
Reconhecer o estado de dependência e buscar ajuda profissional é o primeiro passo para abandonar o vício. Para quem busca tratamento em uma das comunidades acolhedoras credenciadas ao Governo de Alagoas o atendimento pode ser feito em um dos três Centros de Acolhimento, em Maceió, Arapiraca ou Santana do Ipanema, ou agendando uma visita das equipes técnicas pelo número 0800.280.9390.