A entrevista do príncipe Harry à rede britânica ‘ITV’, no programa “60 Minutes”, da CBS, transmitida no domingo, 8, redeu novas revelações sobre a família real às vésperas do lançamento de sua autobiografia “Spare”. As declarações do segundo filho do rei Charles III estamparam as capas dos tabloides nesta segunda-feira, 9. “Eu não disse que a família real é racista”, estava escrito no Daily Mirror com uma foto do duque de Sussex, se referindo as acusações de racismo feitas em março de 2021 em entrevista a televisão americana. “Por favor, não case com Camila”, estava no The Teleghaph. Essas foram duas das falas de Harry durante o programa. Ele também acusou a imprensa de semear a discórdia na família real, disse que não reconhece mais seu pai ou seu irmão e acusa membros de sua família de “ir para a cama com o diabo” –a imprensa dos tabloides britânicos– para manchar a reputação dele e de sua esposa Meghan Markle e melhorar suas próprias reputações. Harry também acusou Camilla, rainha consorte, de vazar histórias sobre a família para a imprensa britânica como parte de sua campanha para “reabilitar sua imagem”. O segundo filho de Charles III disse que tornou públicas suas desavenças com a família real britânica e que partiu para o ataque contra a imprensa para tentar ajudar a monarquia e mudar a mídia, em uma investida que seu pai, o rei Charles III, descreveu como uma “missão suicida”.
“Durante estes 38 anos, muitas pessoas falaram sobre a minha vida de forma interessada. Isso me fez pensar que tinha chegado a hora de explicar a minha própria história”, disse durante a entrevista, transmitida poucos dias depois da polêmica provocada pelas revelações em suas memórias sobre as divergências com o seu irmão, sua vida sexual e consumo de drogas. “Deixei meu país natal com minha mulher e meu filho temendo por nossas vidas”, afirmou Harry à ITV, sobre sua decisão de ir morar na Califórnia. Ao longo dos últimos dias, a imprensa britânica repercute negativamente os trechos já publicados de “Spare”, que será lançado oficialmente na terça-feira, 10. Entre os detalhes vazados estão a acusação de que seu irmão, William – herdeiro do trono -, o agrediu durante uma discussão sobre sua esposa, a ex-atriz americana Meghan Markle, um relato de como perdeu a virgindade, uma confissão sobre o uso de drogas e a afirmação de que matou 25 pessoas em uma missão militar no Afeganistão. O príncipe também menciona como Charles III fazia piadas “sádicas” sobre o “verdadeiro” pai de Harry. Ele diz que cresceu ouvindo rumores sobre sua semelhança com James Hewitt, amante de Diana, falecida em 1997.
Para o Daily Express, o livro do príncipe é “um desastre pessoal cujas consequências prejudicarão Harry pelo resto de sua vida”. “O livro o expôs ao mundo como uma criança ciumenta, cuja incontinência verbal é igualada apenas a sua paranoia”, afirma o jornal. O The Sun vê a publicação como uma “mistura de uma sessão de terapia pública com a busca pessoal de um homem cuja última linha de defesa é o ataque”. Já o The Guardian relembrou a avó de Harry, a rainha Elizabeth II, que faleceu em setembro passado, aos 96 anos. “Se tivesse vivido para ver, isso não teria matado a rainha. Mas poderia tê-la tornado republicana”, brincou. Na opinião de Richard Fitzwilliams, especialista em família real, “o pior” do livro é “a forma como William é apresentado”. “Alguém que traiu a sua confiança, alguém que realmente o atacou. Não é um retrato muito lisonjeiro para um futuro rei”, sublinhou.
No domingo, o The Sunday Times citou fontes próximas ao príncipe William que dizem que ele está “triste” e “queimando por dentro”, mas permanece em silêncio pelo bem de sua família e país. Já o Telegraph acredita que, apesar do duro conteúdo do livro, Charles III estaria disposto a uma reconciliação como “a única forma de sair desta confusão”. Apesar de Harry concentrar seus ataques em William, o rei Charles III não se sente “menos magoado por não ter sido pessoalmente o foco da maior parte da raiva e frustração do livro”, disse um amigo próximo do rei. Na entrevista de pouco mais de uma hora e meia, Harry afirmou que ainda acredita na monarquia, embora não se saiba se terá algum papel em seu futuro. O segundo filho de Charles III, revelou que “chorou uma vez” depois que sua mãe, a princesa Diana, morreu e se sentiu culpado por não expressar sua dor, enquanto cumprimentava uma multidão. Ele também contou que durante anos, ele e seu irmão, acreditaram que sua mãe teria fingido a própria morte e que um dia ela voltaria às suas vidas.
Fonte: Jovem Pan