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Ausência de Bolsonaro na posse de Lula emula boicote de Floriano Peixoto e recusa de Figueiredo

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Ao viajar para os EUA, dois dias antes do fim de seu mandato, o presidente da República não é o primeiro que foge da responsabilidade de participar da transmissão do poder para o sucessor Ao viajar para Orlando, Estados Unidos, dois dias antes do fim de seu mandato, Jair Bolsonaro (PL) não é o primeiro presidente brasileiro que foge da responsabilidade de participar da transmissão do poder para o sucessor.

O gesto de Bolsonaro, que se recusa a passar a faixa presidencial para o eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT), emula os de pelo menos outros dois mandatários – também militares – que deliberadamente boicotaram as cerimônias de sucessão: Floriano Peixoto, o segundo da história da República, e João Figueiredo, o último da ditadura 1964-1985.

Bolsonaro voa para os EUA a dois dias da posse de Lula

Quando Prudêncio de Moraes desembarcou do trem que o levou de São Paulo ao Rio de janeiro para assumir como o terceiro presidente da história da República, no fim de 1894, não havia nem sequer um oficial para recepcioná-lo.

O que chamava a atenção na estação eram algumas poucas bandeiras e faixas festivas, mas material remanescente de uma cerimônia organizada dias antes para homenagear uma comissão de oficiais uruguaios em visita ao Brasil. Para o primeiro eleito diretamente para a Presidência da República – ainda que por um eleitorado pouco representativo da população – não havia nada.

O ato oficial da posse, no dia 15 de novembro, no Itamaraty, seria marcado pelo mesmo descaso. O único representante do governo de Floriano Peixoto que apareceu foi o então ministro da Justiça, Cassiano do Nascimento, que acabou se responsabilizando pela formalidade. Tudo porque Moraes, ao vencer com apoio das principais forças políticas e econômicas da época, frustrava a continuidade do chamado florianismo no centro do poder.

A faixa presidencial não existia naquela época. O adorno foi criado por decreto muitos anos depois por Hermes da Fonseca, que governou de 1910 a 1914. Militar e sobrinho de Deodoro da Fonseca, foi o primeiro presidente a usá-la e o primeiro a transmiti-la para o sucessor, Venceslau Brás, eleito com plataforma situacionista para o período 1914-1918.

Em 1985, no último período da ditadura militar, João Figueiredo se recusou a passar a faixa para o civil José Sarney. Ao deixar o poder impopular e com o regime derrotado, ele pediu para que o povo o esquecesse. Sarney havia sido inscrito como vice de Tancredo Neves, eleito indiretamente pelo Congresso após despontar como um dos líderes da campanha pelas Diretas, mas que morreu antes da posse.

De todas as transmissões de poder, a que costuma ser lembrada como a mais civilizada da República foi a de 2003, quando, diante de uma multidão, Fernando Henrique Cardoso colocou a faixa em Lula. Líderes dos dois partidos que polarizavam na época, eles eram adversários políticos e já haviam se enfrentado duas vezes nas urnas em anos anteriores, 1994 e 1998, ambas com vitória do tucano.

Por golpe, impeachment ou morte do titular, diversos outros episódios de troca de poder ocorreram sem cerimônia festiva e entrega simbólica da faixa.

Bruna Prado/AP

Fonte: Valor Invest

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