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Análise: Fluxo de caixa será fundamental em 2023 para investidores da Ford, GM e Tesla

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Caixa é o sangue vital de qualquer negócio e o fluxo de caixa livre é uma das métricas mais importantes para qualquer organização industrial Em 2023, os investidores da indústria automobilística têm muito com o que se preocupar, incluindo o aumento das taxas de juros, acessibilidade dos veículos, preços, cadeias de suprimentos, estoques e, é claro, as possibilidades de uma recessão.

Com todo esse turbilhão, talvez eles devessem se limitar ao básico e se concentrar no fluxo de caixa. Se fizerem isso, os investidores provavelmente dormirão melhor no que pode ser um ano difícil.

O caixa é o sangue vital de qualquer negócio e o fluxo de caixa livre é uma das métricas mais importantes para qualquer organização industrial. É o fluxo de caixa operacional menos o dinheiro gasto em fábricas e equipamentos.

A parte do fluxo de caixa operacional para o caixa livre é essencialmente o lucro líquido ajustado para itens não caixa, como depreciação, juntamente com mudanças no capital de giro. O capital de giro inclui coisas como estoques, contas a receber e contas a pagar.

O capital de giro é uma importante fonte ou uso do fluxo de caixa. “Se você não está convertendo seu estoque em dinheiro rapidamente, outras fontes de recursos devem ser utilizadas para manter as operações”, diz o especialista em contabilidade Robert Willens.

As empresas automotivas tendem a ter mais contas a pagar e itens similares do que estoques e contas a receber. Dito de outra forma, as montadoras fazem seus clientes pagarem mais rápido do que pagam aos fornecedores. Uma consequência dessa dinâmica é que, quando as vendas estão crescendo, o capital de giro aumenta o fluxo de caixa livre e operacional de uma empresa automobilística.

No entanto, quando ocorre uma crise e as vendas caem, o capital de giro drena o caixa de uma montadora. Mudanças em estoques, contas a receber e contas a pagar queimaram quase US$ 16 bilhões em caixa da Ford Motor durante 2008, quando as vendas caíram para US$ 129 bilhões dos US$ 154 bilhões gerados em 2007. A crise de crédito, é claro, também foi a culpada pela grande queda nas vendas.

A Ford gerou US$ 2 bilhões em lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) em 2008. Mas o fluxo de caixa livre foi negativo em US$ 15,5 bilhões naquele ano.

Um exemplo do fenômeno oposto é a Tesla, que está crescendo rapidamente nas vendas. No ano passado, a Tesla gerou cerca de US$ 9 bilhões em fluxo de caixa livre, de acordo com a FactSet. Cerca de US$ 1 bilhão foi gerado a partir de mudanças no estoque, contas a receber e contas a pagar.

O capital de giro é um dos motivos pelos quais as recessões podem ser tão mortais para as montadoras. E é uma das razões pelas quais as ações de carros negociam tão mal rumo à recessão. As ações da General Motors, Ford e Tesla caíram cerca de 45%, 47% e 68% neste ano, respectivamente. As ações da GM e da Ford são negociadas por 5,6 e 6,2 vezes os ganhos estimados para 2023, respectivamente. A Tesla em rápido crescimento é negociada 20 vezes, sua menor relação preço/lucro já registrada.

A preocupação com o caixa é uma das razões para a fraqueza, mas o capital de giro provavelmente não será uma perda de caixa em 2023. As vendas não vão cair como em 2008, ou como em 2020, ano do início da pandemia.

A Tesla, para começar, deve aumentar as vendas em cerca de 40% em 2023, entregando cerca de 1,9 milhão de veículos em comparação com os 1,3 milhão esperados para todo o ano de 2022. A economia pode desacelerar as vendas, mas ninguém em Wall Street espera uma ano de baixa, com base nas estimativas do FactSet. A estimativa mais pessimista para 2023 está logo abaixo de 1,8 milhão de unidades.

Além do mais, anos de escassez induzida pela pandemia deixaram a produção restrita e as vendas bem abaixo dos níveis pré-pandêmicos. GM e Ford geraram cerca de US$ 293 bilhões em vendas combinadas em 2019. Isso caiu para cerca de US$ 254 bilhões em 2020 e as vendas em 2022 devem chegar a US$ 310 bilhões. Mesmo em uma recessão, as vendas da GM e da Ford devem permanecer na faixa de US$ 300 bilhões combinadas no próximo ano, o que limitará qualquer drenagem de caixa do capital de giro.

Espera-se que a Ford gere cerca de US$ 6,5 bilhões em fluxo de caixa livre em 2022 e US$ 7,7 bilhões em 2023. As estimativas de fluxo de caixa livre para 2022 e 2023 da GM são de US$ 9,2 bilhões e US$ 10,5 bilhões, respectivamente. Para a Tesla, a expectativa são cerca de US$ 9 bilhões e US$ 14 bilhões em fluxo de caixa livre em 2022 e 2023, respectivamente.

Os números de 2023 podem ser altos demais se as coisas ficarem mais difíceis do que o esperado, mas o fluxo de caixa livre não deve evaporar como aconteceu durante a crise de crédito. Esse é um aspecto positivo que os investidores podem manter no ano novo.

Indústria automobilística

Alessia Pierdomenico/Bloomberg

Fonte: Valor Invest

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