O senador Carlos Viana (PL-MG) concedeu entrevista ao vivo para o Jornal da Manhã, da Jovem Pan News, nesta segunda-feira, 26, para comentar os acontecimentos políticos da última semana e os impactos e perspectivas para a próxima legislação. Segundo ele, o PT está usando uma narrativa falsa de que o Brasil está quebrado, mas, na verdade, ele estaria sendo entregue para a próxima gestão com contas organizadas pelo presidente Jair Bolsonaro. “A narrativa de que o país está quebrado, de que o PT está recebendo um país totalmente descontrolado economicamente, não é verdade. Eu sou vice-líder do governo há quatro anos, sou membro da comissão do orçamento, acompanhei todas as principais decisões do ministro Paulo Guedes na economia. E eu posso dizer com muita tranquilidade: o país está sendo entregue todo organizado e com um orçamento equilibrado. Nós crescemos 4,5% no ano passado, mesmo gastando R$ 750 bilhões com a Covid-19. Este ano, o país vai crescer entre 3% e 3,5%. E no ano que vem não vai crescer 3% porque, infelizmente, os indicadores que estão sendo apontados por quem vai tomar posse já coloca os investidores com o pés atrás”, afirmou em crítica ao presidente eleito e seu ministério apresentado até o momento.
Sobre os ministérios, Viana apontou enxergar diferenças claras entre as visões do bolsonarismo e do lulismo na formação das pastas: “Nós temos dois discursos muito distintos. O do presidente Bolsonaro, que fez um ministério técnico, que inclusive foi muito criticado porque, na época, não atendeu aos partidos, à base de governo, e, depois, para vencer essa dificuldade, entregou para os presidentes das casas a RP9, como uma forma de equilibrar o relacionamento da base. E, agora, o PT, que ganhou as eleições, não há de se questionar mais qualquer assunto a esse respeito, monta um ministério no estilo político deles, de atender todos os setores do PT. O PT não é um partido homogêneo, mas composto de vários segmentos e, naturalmente, o governo tenta atender a todos eles. O que posso dizer numa primeira avaliação é que temos os ministérios-chave, aqueles que vão manter todo o dinheiro, os mais importantes, Justiça, Economia, Infraestrutura, todos estão nas mãos de pessoas muito próximas ao presidente. O restante, que eu chamo de ministérios de papelão, que tem apenas o título, mas não tem recursos, vão ser entregues a vários setores da esquerda, como forma de atender aqueles que apoiaram o partido, como artistas, intelectuais. É da natureza de quem ganhou as eleições, do Partido dos Trabalhadores, esse formato de ministérios”, pontuou.
Viana ainda argumentou acredita que direita precise se reinventar no Brasil, para se fortalecer e, daqui a quatro anos, recuperar o comando da Presidência. “Sobre o futuro, a direita precisa se reinventar, porque, hoje, nós somos tidos como toda a direita é radical. E não é verdade. A gente precisa começar a pensar, nós que estamos em partidos de centro, como vamos fazer daqui para frente para oferecer uma oposição inteligente, mas que daqui a quatro anos… Essa política econômica do PT for repetida será uma bomba-relógio, daqui a pouco joga o desemprego para o alto, a inflação volta com firmeza, o país gasta tudo que guardou nos últimos quatro anos. Aí entra o nosso posicionamento, como nós vamos conversar com o país para que as pessoas entendam o que nós propomos. Além de entendermos os erros que nós cometemos, que levaram a não reeleição do projeto de governo que nós apoiamos”, defendeu.
Ele também disse acreditar que o senador Rodrigo Pacheco deverá ter mais dificuldade para se reeleger diante da falta de atitude sobre o Supremo Tribunal Federal, que estaria se colocando acima da casa e dos demais poderes, na sua visão. A situação, ainda segundo Viana, deve ser revista pelos legisladores, mas não como vingança, e sim como forma de reequilibrar os três poderes da República no Brasil. “O próprio Ministério Público, desembargadores brasileiros, concordam hoje que o Supremo Tribunal Federal na pessoa do ministro Alexandre de Moraes exacerbou, cometeu atos arbitrários, censura e, usando de uma brecha na Constituição, que dá ao Supremo um poder supremo, ele tomou decisões que não estão previstas, mas também não estão proibidas em lei. É bom a gente dizer isso. Onde não há lei, não há pecado. Se não há uma lei que proíba, um juiz do STF, como o constituinte fez, toma decisões sem que ele possa ser responsabilizado. Mas o MP entende isso. Tenho conversado com representantes. Conversei também com o presidente do Congresso, meu colega Rodrigo Pacheco. Ele precisa tomar uma iniciativa para dar uma resposta para a população. Precisamos de resposta, mas não de vingança. Esse não é o momento da gente exacerbar sentimento de vingança ou retaliação. Precisamos parar e pensar o país equilibradamente para entender os caminhos que vamos abrir para corrigir os excessos que aconteceram, limitando decisões de juízes, para reequilibrar os poderes. Essa tem que ser uma decisão democrática e republicana”, afirmou Viana.
Já sobre a tentativa de atentado a bomba em Brasília, Viana defendeu que seja investigado a fundo e que não se pode afirmar que o culpado é bolsonarista. “As autoridades estão certas e cumprindo o papel delas em agir. Nós precisamos saber quem está por trás, se é uma pessoa só, se são mais, se são grupos dispostos a criar o caos em nosso país. Precisamos saber quem são eles porque só uma notícia de que uma pessoa estaria lá no acampamento de bolsonaristas não pode dizer em absoluto que seja parte desses bolsonaristas que estão nas portas dos quarteis. Por mais que nós critiquemos ou não se aceite a questão deles estarem lá, essas pessoas têm direito de estarem ali. Elas não estão quebrando nada, não estão desrespeitando nenhuma lei. A legislação brasileira permite que protestos pacíficos possam ser feitos em qualquer lugar, independentemente de ideologia ou lado político. Nós precisamos de respostas: ele agiu sozinho? qual era a intenção ao querer criar um caos como esse, explodindo um caminhão de combustível próximo a um aeroporto? Está sozinho ou há mais pessoas? A meu ver, não é hora de se fazer acusações a nenhum dos dois lados. O momento é de responsabilidade e de agir com firmeza. Tanto da minha parte, que sou de direita, nunca escondi isso, não aceito, e tenho certeza que milhões de brasileiros e pessoas que estão nas portas dos quarteis também não concordam com esse tipo de atitude radical”, finalizou.
Jovem Pan