Para 31% dos brasileiros, a inflação vai diminuir nos próximos meses Para 31% dos brasileiros, a inflação vai diminuir nos próximos meses, segundo pesquisa Datafolha realizada nos dias 19 e 20 de dezembro. Esse é o maior percentual registrado nos quatro anos do atual mandato presidencial.
No levantamento anterior, de junho deste ano, eram apenas 13% os que faziam essa avaliação. Nesse período, no entanto, o índice de preços ao consumidor caiu de um patamar de quase 12% para menos de 6% no acumulado em 12 meses.
A parcela dos que acham que a inflação vai aumentar era de 63% na pesquisa anterior e está agora em 39%. Esse é o menor percentual nestes quatro anos de governo.
Para 24% a inflação vai ficar como está. A expectativa do mercado é de um índice de preços passando de 5,8% neste fim de ano para 5,2% no final do próximo. Ou seja, uma ligeira queda.
Para 43% dos brasileiros, o poder de compra dos salários vai aumentar. Para 21%, vai diminuir. Esses também são os melhores resultados nas pesquisas realizadas desde abril de 2019, primeiro ano do governo Jair Bolsonaro (PL).
No atual mandato, o IPCA (índice de preços ao consumidor) vai superar os limites das metas de inflação duas vezes. Em 2021, ficou em 10%. O teto era de 5,25%. Neste ano, a inflação acumulada já está acima do limite de 5%.
Desemprego menor As expectativas para o mercado de trabalho também melhoraram na pesquisa atual em relação ao levantamento anterior e se aproximaram numericamente dos melhores resultados do período, registrados em dezembro de 2021.
No final do ano passado, 35% esperavam aumento do desemprego, mesmo percentual dos que previam queda. Em junho, 45% estavam pessimistas, e 23%, otimistas.
Agora, são 36% os que projetam piora do mercado de trabalho nos próximos meses e 37% que veem melhora. Esse último dado é o melhor para o período de quatro anos.
A taxa de desocupação medida pelo IBGE chegou ao pico de quase 14,9% no primeiro trimestre de 2021 e fechou o ano passado em 11,1%. A divulgação mais recente mostra uma taxa de 8,3% no trimestre encerrado em outubro.
Segundo o Datafolha, o otimismo com os indicadores de preços e mercado de trabalho é maior entre pessoas com menor instrução e também entre moradores do Nordeste. O otimismo é menor no grupo de pessoas mais ricas.
Entre aqueles com renda até dois salários mínimos, 37% esperam queda da inflação. São 9%, entre os entrevistados com renda superior a dez mínimos (70% neste último grupo esperam alta do índice de preços).
No recorte por ocupação, 56% dos empresários esperam aumento da inflação e 17% projetam queda. Esse é também o grupo mais pessimista em relação ao emprego: 45% dizem que vai aumentar e 27% esperam queda.
Preços dos alimentos são um dos fatores que puxaram a inflação
Fábio Rossi/Agência O Globo
Também é possível ver grandes diferenças no recorte político. Entre pessoas que votaram em Bolsonaro no segundo turno, 67% esperam alta da inflação. São 14% entre eleitores do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Projetam queda da inflação 10% dos eleitores do atual mandatário e 53% dos apoiadores do petista.
Dívidas A nova pesquisa Datafolha também mostra redução ou estabilidade na inadimplência dos brasileiros em dezembro em relação ao levantamento realizado um ano antes. Segundo o levantamento, 38% dos brasileiros têm alguma dívida ou conta atrasada.
A parcela dos que têm dívida atrasada no cartão de crédito oscilou de 26% para 24%. São 33% entre os desempregados.
O percentual de consumidores com conta de luz em atraso passou de 17% para 12%. Na conta de água, de 13% para 9%. Aluguéis ou prestações de imóveis, de 9% para 7%.
Na conta de gás, o percentual de atrasos passou de 6% para 4%. Nas prestações de veículos e mensalidades escolares se manteve em 5%. Parcelas de planos de saúde, de 4% para 3%.
Segundo o instituto, de maneira geral, mulheres (42%) estão mais inadimplentes do que homens (34%). Estão com contas em atraso 46% dos mais pobres, 25% dos mais ricos, 49% dos que se declaram pretos (ante 32% entre brancos) e 57% dos desempregados.
O Datafolha também perguntou se o dinheiro que o entrevistado e sua família ganham é suficiente. Para 60%, não é. Eram 63% na pesquisa de junho.
Para 37%, não é suficiente e às vezes falta. É muito pouco, trazendo muitas dificuldades para 23% dos entrevistados.
Para 35%, é exatamente o que precisam para viver. Outros 5% dizem ser mais do que suficiente.
Fonte: Valor Invest