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"Uso misto não é só juntar residência e escritório"

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Entrevista | Dario Abreu Pereira Neto, sócio-diretor da SDI Desenvolvimento Imobiliário A SDI Desenvolvimento Imobiliário nasceu em 2005 e, desde então, tem diversificado seu portfólio, que vai de galpões logísticos a edifícios residenciais e comerciais de luxo. Atualmente, destaca-se nos projetos de uso misto de alto padrão. “É um jeito inteligente de morar e trabalhar na cidade, além de ser mais sustentável”, avalia o sócio-diretor, Dario Abreu Pereira Neto. Na entrevista a seguir, o executivo comenta as decisões da empresa, que deve fechar 2022 com VGV de R$ 1,8 bilhão.

Uso misto tem sido a grande aposta da SDI. Por quê?

Dario Abreu Pereira Neto – A questão do uso misto é muito bacana porque isso cria vida para a cidade. Não é só juntar residências com escritórios: é preciso construir um ecossistema integrado onde, durante o dia, você estimule a movimentação corporativa e, à noite, os moradores do residencial possam descer e viver o bairro, indo ao mercado, aos restaurantes, academia. Isso evita que as pessoas peguem o carro para ir ao trabalho ou fazer suas tarefas do dia a dia. É um jeito inteligente de morar e trabalhar na cidade, além de ser mais sustentável.

Em 2023, um destes multiuso pretende marcar a história da cidade. Do que se trata?

É um empreendimento hospitalar com residencial. Será uma torre com 104 apartamentos e outra com o maior hospital infantil da América Latina, de 17 andares, em um terreno 5 mil metros quadrados entre as Avenidas Rebouças e Henrique Schaumann, com projeto do escritório Perkins & Will.

A expectativa é a melhor possível porque, na mesma avenida, outro empreendimento nosso, o White 2880, foi lançado em 2019, com 162 apartamentos, e só restam quatro disponíveis hoje. Dos cinco andares de escritórios, quatro têm propostas de locação a R$ 150 o metro quadrado. E das quatro lojas no térreo, três estão alugadas para um banco.

Os empreendimentos no corredor da Avenida Rebouças, em Pinheiros, até o início da Francisco Morato, já no Butantã, têm registrado forte valorização. A que atribui este fenômeno?

Essa região tem um item urbanístico muito importante também, que é a Linha 4 - Amarela do Metrô, privatizada e considerada a melhor da cidade. Ela atende a região da Avenida Paulista até o Butantã. Então, quem mora ali não precisa pegar o carro para nada. A arquitetura diferenciada é outro ponto fundamental para essa valorização. Em nossos empreendimentos, pudemos alcançar preço recorde nos residenciais tanto em Pinheiros, quanto no Butantã. São projetos que agregam valor ao bairro e a si próprios com o tempo.

A empresa tem investido em projetos no Butantã. Por quê?

Nossa atuação no Butantã começou em 2008, com a aquisição do Pinheiros One juntamente com a gestora Tellus e o BV Empreendimentos e Participações. Alguns anos depois, a Johnson & Johnson colocou em licitação o edifício que ela detinha na Marginal Pinheiros. Como já estávamos bem familiarizados com a região, decidimos concorrer e acabamos vencendo o BID na época. Isso, de certa forma, selou nosso destino, consolidando a relação com o bairro. Fomos compreendendo todas as possibilidades de desenvolvimento, que iam muito além das lajes corporativas, incluindo também apartamentos, comércios e serviços. Apostamos numa lógica de ecossistema, criando empreendimentos muito próximos uns aos outros, de maneira a impulsionar um perímetro muito mais abrangente do que cada lote.

Criar mais zonas de estruturação urbana (ZEU) seria importante para a cidade e o setor imobiliário?

Eu acho que esse é ponto chave. É preciso continuar desenvolvendo regiões assim, como o que acontece agora na Avenida Santo Amaro, na região da Rua Augusta e nas proximidades da estação do Metrô Jardins, para a criação de polos de valor em toda a cidade. A tendência é que os projetos de uso misto modifiquem as áreas comerciais, substituindo as antigas lojas e galerias por espaços com fachada ativa.

A empresa tem forte identificação com o segmento de alto padrão. O que mudou nesse conceito com o passar dos anos?

Uma das coisas que mudou de lá para cá foi a altura dos empreendimentos. No River South, por exemplo, são 32 andares. As plantas, no entanto, estão menores e mais eficientes. O cliente de alto padrão hoje não busca apartamentos tão grandes como antigamente. Mas é preciso entregar mais serviços no condomínio, como academia profissional, lazer e bem-estar. Além de boa localização, claro! Inovamos ao colocar obras de arte nos empreendimentos. O White 2880 tem peças assinadas por Norma Grimberg e Renato Brunello. É um dos esforços de urbanismo, uma contrapartida para a cidade.

Outra vertical importante da companhia é a de edifícios comerciais e de escritórios. Como esse segmento tem reagido no pós-pandemia?

Esse setor passou por dois anos muito sofridos. Mas, agora, tudo indica que já se recuperou. Torres de escritórios em áreas primárias, como as avenidas Faria Lima e Rebouças, estão com vacância baixíssima! As incorporadoras enfrentam uma escassez de terrenos nessas regiões, e os valores do metro quadrado não param de subir. Por isso, também temos visto menos lançamentos nesse segmento nos últimos anos.

Que dicas daria para investidores imobiliários em 2023?

Eu acho que produto de qualidade e boa localização é sempre muito resiliente à crise. O escritório igual. Quer dizer, algumas regiões centralizadas de São Paulo – como o Jardim Paulista, Avenida Faria Lima, Rebouças e Vila Nova Conceição vão continuar sendo os carros-chefes do mercado imobiliário no ano que vem. Desde a década de 1990, produtos bem administrados são resilientes ao tempo.

Fonte: Valor Invest

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