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IAEmp caiu 6,7 pontos em novembro, para 73,1 pontos, menor nível desde julho de 2020 (66,1 pontos), e a mais intensa desde abril de 2020 (-42,9 pontos) A piora no quadro macroeconômico levou o Indicador Antecedente de Emprego (IAEmp) da Fundação Getulio Vargas (FGV) à pior queda em quase três anos – e acende “sinal amarelo” para mercado de trabalho em 2023. O alerta partiu de Rodolpho Tobler, economista da FGV responsável pelo indicador.Ele detalhou que o IAEmp caiu 6,7 pontos em novembro, para 73,1 pontos, menor nível desde julho de 2020 (66,1 pontos), e a mais intensa desde abril de 2020 (-42,9 pontos). “Foi um recuo equivalente à fase mais aguda da pandemia” observou o técnico. Na prática, um contexto de menor renda, inflação ainda persistente e alto patamar de endividamento levaram a um movimento de enfraquecimento da demanda, ao término de 2022, notou ele. Isso atingiu em cheio a economia de serviços, maior empregadora da economia, e levou a enfraquecimento no ritmo de abertura de vagas. No entendimento do especialista, como os fatores macroeconômicos que conduzem ao atual cenário não são de rápida resolução, o indicador pode continuar a cair, o que sinaliza cenário desafiador para emprego em 2023, notou ele. Ao comentar o desempenho do índice em novembro, o especialista notou que foi o segundo recuo consecutivo do IAEmp. Para ele, a nova queda comprova sinais de tendência de enfraquecimento do emprego, em novembro. “Dentro do IAEmp, as quedas em diversos setores, de emprego previsto, foram bastante disseminadas”, observou o especialista. No indicador, houve contribuições de respostas negativas, para compor a queda do IAEmp, em emprego previsto apurado pela FGV na Sondagem de Serviços, em emprego local futuro na Sondagem do Consumidor, também da FGV; e em emprego previsto da Sondagem de Indústria, da fundação. Porém, o técnico reiterou que a cautela maior do empresariado de serviços em abrir novas vagas foi fator determinante para recuo do indicador, tendo em vista o peso dessa atividade em abertura de novas vagas. O setor responde por mais da metade do emprego formal, no país. “Não estamos dizendo que teremos ondas de demissões no fim do ano”, frisou o técnico. “E sim que o ritmo de abertura de vagas vai ser menor do que o esperado. As pessoas vão continuar a contratar, mas a ritmo menor”, explicou. E, no entendimento de Tobler, essa menor cadência de abertura de vagas deve prosseguir até 2023. Isso porque o consumo interno, no começo do próximo ano, provavelmente ainda seguirá influenciado por crédito mais caro e restrito, juros altos, e continuidade de patamar de endividamento elevado. Assim, na prática, se o empresário não visualiza reação na demanda, ele não contrata a ritmo mais forte, ponderou ele.“O ano de 2023 está meio "contratado" já que não deve ser positivo para a economia”, comentou o técnico, lembrando que estão piores previsões de inflação, e de atividade, para o ano seguinte. “Serviços era o setor que estava impulsionando a atividade econômica” acrescentou, reiterando que, agora, serviços dá sinais de menor ritmo, com evolução menos positiva na demanda interna. “A tendência do IAEmp é continuar em patamar baixo, nos próximos meses”, concluiu.Rodolpho Tobler, economista e pesquisador do IBRE/FGVLeo Pinheiro/Valor