Para discutir a repercussão da PEC da Transição e o porquê do mercado financeiro ter reagido mal à proposta da equipe de Lula (PT) que fura o teto de gastos para cumprir promessas de campanha, o Jornal da Manhã, da Jovem Pan News, entrevistou o deputado federal Lincoln Portela (PL). Apesar de defender a manutenção do Auxílio Brasil de R$ 600, o parlamentar criticou o montante da PEC que ficará acima do teto, que quase chega à casa dos R$ 200 bilhões, e defendeu que o prazo de duração da medida não pode passar de um ano: “O valor é absurdo e estratosférico (…) No caso do presidente Bolsonaro houve uma atipicidade mundial. Entendam bem, era uma crise e nós precisávamos de investimento na Saúde e investimento para o Auxílio Emergencial. Foi um prazo de dois anos, não foi de quatro. Agora, na realidade podemos trabalhar com o prazo de um ano, que seria o ideal neste contexto. E com muito cuidado revermos essa PEC. Ninguém discute a importância do Auxílio Brasil. Ele é necessário, ele é uma política pública usada para permanecer. O teto de gastos é também uma política pública importante, mas que vem a garantir a saúde da economia do Estado brasileiro.
O deputado também avaliou a repercussão, dentro do Congresso Nacional, das falas do presidente eleito na COP27 nesta quinta-feira, 17, nas quais o petista voltou a criticar o mercado financeiro: “A bancada do nosso partido está muito consciente. A bancada do PL, inclusive entende que é um absurdo não compreendermos que o mercado é de toda a sociedade, o mercado não é de um governo. É a sociedade quem produz os bens de consumo, isso é de fundamental importância. Esse mercado é a própria sociedade. E ele quer o que? Estabilidade. Nós já chegamos com uma hermenêutica equivocada lá na COP27, no Egito. Foi terrível e aquela hermenêutica foi a pior possível. Uma fala para dentro de casa, uma fala para os seus eleitores de esquerda, o que não condiz com a realidade brasileira. A realidade brasileira é totalmente diferente disso”.
A respeito do recente bloqueio das redes sociais de políticos e empresários, Lincoln Portela declarou que os parlamentares não se sentem seguros para dar declarações e defendeu que existe ativismo político nas decisões tomadas contra estas figuras: “Tenho que ter uma certa prudência, porque estou como vice-presidente da Câmara dos Deputados até o mês de janeiro. Eu falo, na realidade, de uma certa forma, por aqueles que são de esquerda e por aqueles que são de direita. Fora desta posição eu tenho os meus posicionamentos. Qualquer forma de ativismo no momento eleitoral acaba sendo prejudicial ao Brasil. E o ativismo judicial ele não é uma boa ferramenta. Eu particularmente votei contra a prisão e cassação de Daniel Silveira. Às vezes há alguns exageros, mas nós precisamos entender que pode ser que estejam acontecendo também exageros lá do outro lado. Nós, parlamentares, não nos sentimos completamente confortáveis porque temos um certo receio de dizermos uma palavra e a interpretação dessa palavra gerar uma crise para esse parlamentar”.
“Temos no PL pelo menos 10 parlamentares que já foram censurados, suas redes sociais foram tiradas. Qualquer coisa que se fala é um problema. Várias outras pessoas no Brasil, como empresários, religiosos e pessoas da sociedade civil organizada, também tiveram um impedimento em suas redes sociais. Isso realmente não faz parte de um processo democrático bem posicionado. Apesar da hermenêutica dizer que é em favor da democracia. Eu entendo que a democracia não é apenas um lado, a democracia faz parte todos os lados, aqueles que são do centro, da direita e da esquerda”, criticou.
Fonte: Jovem Pan