Mas presidente da autoridade monetária repetiu que está disposto a "trabalhar com o novo governo" O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, afirmou há pouco que a inflação no Brasil está mais baixa em comparação ao resto do mundo, o que reflete o trabalho da autoridade monetária, além da credibilidade adquirida nos últimos anos. Para ele, a autonomia do Banco Central passa por momento de "teste", mas repetiu que está disposto a "trabalhar com o novo governo".
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“Temos que ter certeza de que vamos continuar nosso trabalho e cumprir nosso mandato para fazer a [expectativa] de inflação de longo prazo reancorar”, disse, em inglês, no Bradesco BBI 12th CEO Forum, em Nova York (EUA).
Roberto Campos Neto, presidente do Banco Central
Billy Boss/Câmara dos Deputados
Campos voltou a citar o caso do Reino Unido como exemplo de sensibilidade do mercado aos ruídos fiscais. “Foi a primeira vez que vi uma economia avançada sendo tradada como emergente em reação a um programa fiscal”, comentou.
O titular do BC repetiu, ainda, que há sinais incipientes de melhora qualitativa na inflação, mas que é preciso perseverar. Ele afirmou que as incertezas em relação ao arcabouço fiscal em tramitação no Congresso Nacional frearam as expectativas de cortes de juros no Brasil.
“Isso [fiscal] vai ser muito relevante em termos de convergência [da inflação para a meta]”, disse. “É importante ter coordenação entre as políticas fiscal e monetária”, complementou.
Cedo para declarar vitória
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Alberto Pezzali/AP
O presidente do Banco Central repetiu há pouco que mesmo com “melhora incipiente” na inflação, “é cedo para declarar vitória”.
“Estamos cautelosos e precisamos passar aos investidores uma mensagem clara de que vamos cumprir o mandato [de inflação] de um jeito ou de outro. Agora temos uma transição [de governo] e temos que ver qual vai ser o arcabouço fiscal e como vai afetar nossos modelos”, pontuou o dirigente no Bradesco BBI 12th CEO Forum, em Nova York (EUA).
Campos ressaltou que, em termos qualitativos, o último dado de inflação trouxe melhora nos núcleos e, segundo ele, itens que ficaram elevados por muito tempo começaram a ceder. “No Brasil tentamos explicar que fizemos muito [aperto monetário] e o que fizemos é suficiente”, complementou.
Teste de autonomia
“Temos, agora, um momento em que a autonomia do BC está sendo testada. O BC obviamente está disposto a trabalhar com o novo governo. Temos que olhar para frente e achar soluções para o Brasil”, disse Campos no evento.
“Temos que voltar a ter mais crescimento, e mais estável, e achar um jeito de fazer isso com recursos privados, mas não podemos esquecer do social. É sobre achar o equilíbrio, mas temos que fazer isso removendo incerteza. Criar incerteza faz os custos serem mais altos. Você pode fazer coisas maiores se tiver menos incerteza com custos menores”, ressaltou o dirigente.
O titular do BC destacou que o Brasil é um dos únicos países com expectativa de crescimento para este ano e, para ele, parte é efeito de reformas que começaram no governo de Michel Temer (MDB), mas alertou que a atividade deve desacelerar no próximo ano.
Campos falou novamente que existem “dois erros” que um banqueiro central pode cometer, um é subir demais a taxa de juros e depois ver que poderia ter estabilizado a inflação com menos, e outro é “fazer muito pouco” e depois lidar com as consequências.
Segundo ele, historicamente países emergentes preferem cometer o primeiro erro e avançados o segundo, mas isso tem mudado. “Mesmo para economias avançadas, quando estão atrasados [na política monetária] o efeito é o mesmo dos emergentes. Por isso ambos estão preferindo cometer o primeiro erro”, disse.
Em sua mensagem final, Campos pediu a todos “que continuem acreditando e investindo”.
Fonte: Valor Invest