Dólar
Euro
Dólar
Euro
Dólar
Euro

valor

"O uso misto é o futuro da moradia nas grandes cidades"

Imagem de destaque da notícia
Entrevista | Luciano Amaral, diretor-geral da Benx Incorporadora Na liderança do projeto imobiliário mais ambicioso da atualidade em São Paulo – o Parque Global, na Zona Sul da cidade –, o diretor-geral da Benx Incorporadora, Luciano Amaral, debate o futuro da moradia nos grandes centros urbanos e o papel do empreendedor imobiliário na construção das cidades.

Desenvolvido em parceria com o Related Group, o Parque Global deve ser concluído em 2027. O VGV é estimado em R$ 12 bilhões. No total, serão cinco torres residenciais de alto padrão, um shopping center, centro médico com 300 consultórios, hospital, hotel, escola bilíngue e edifício de apartamentos de médio padrão para locação. O complexo ocupa uma área de 218 mil metros quadrados e compreende ainda uma ponte viária para conectar os dois lados da Marginal Pinheiros e uma estação de metrô da linha Ouro.

Complexos multiúsos são uma tendência que veio para ficar?

Luciano Amaral - O uso misto é o futuro da moradia em grandes metrópoles como São Paulo – e só não há mais projetos desse tipo por falta de terreno. O futuro são as cidades onde se resolve tudo dentro de um raio de deslocamento de até 15 minutos. O morador do Parque Global, por exemplo, vai ter passagem direta para acessar a pé os serviços do shopping: hospital, centro médico, escola e hotel. Isso faz muita diferença para a qualidade de vida das pessoas e gera um impacto positivo na cidade também.

A preocupação em promover o diálogo entre empreendimentos e cidades tem crescido no setor?

Acho que é papel do empreendedor imobiliário construir cidades mais compactadas, com oferta de serviços e mobilidade facilitada. Nós investimos mais de R$ 20 milhões no desenvolvimento do Parque Linear Bruno Covas, com 17 quilômetros, às margens do Rio Pinheiros: são áreas verdes, passarela de acesso, banheiros, estacionamento e ciclofaixas, que serão estendidas até a Ponte do Jaguaré. E o retorno financeiro não está no foco desse investimento. O empreendedor privado precisa entender que é ele quem transforma as cidades, ter preocupação social e de sustentabilidade – e incluir isso na conta. É preciso cuidar de quem está próximo. Muitas vezes, é quem mais precisa.

Mas isso não impacta no preço final do produto?

Reduzir um pouco os lucros precisa fazer parte da cultura da empresa e de sua consciência-cidadã. Já perdi a conta do quanto investimos em ações desse tipo. Não tem um retorno tangível, mas não abrimos mão de participar da transformação da vida das pessoas que estão no entorno.

O Parque Global recebeu o selo de “empreendimento verde” do Santander. O que isso representa?

Fomos o primeiro da cidade a ser reconhecido pelo banco como um “empreendimento sustentável” e isso marca a consolidação dos nossos esforços. Desde o lançamento do Parque Global, há mais de dez anos, nossa ideia era que o empreendimento ajudasse a Benx a ganhar um viés definitivo de empresa sustentável. E não é da boca pra fora: temos um departamento interno com um gerente dedicada para cuidar do meio ambiente e contratamos uma consultoria para consolidar as questões ESG e um agrônomo para certificar nosso projeto do ponto de vista ambiental.

Tudo isso vai garantir a execução do paisagismo ecológico nos 58 mil metros quadrados de áreas verdes do complexo, com espécies de plantas nativas da Mata Atlântica para recuperação do bioma local; reúso dos recursos naturais, como a água dos prédios; investimentos no parque linear e na despoluição do rio; gerenciamento sustentável da obra e destinação correta dos resíduos. O mundo está mudando, as demandas sociais e ambientais são outras. As preocupações das novas gerações são diferentes, e isso está chegando ao mercado imobiliário. É preciso estar alinhado.

Como analisa o atual momento do mercado imobiliário?

Foi um ciclo espetacular para o mercado imobiliário, entre 2019 e 2021, com recordes de vendas e de lançamentos. O ano passado foi o melhor ano da Benx na história. O que aconteceu na virada para este ano foi um fator que, para o nosso negócio, é mortal: taxa de juros. Se ficar entre 5% e 8%, é boa para o mercado; até 10% é razoável; e acima de 10%, machuca.

O brasileiro adora 12% ao ano! Não interessa se a inflação é de 15%, se ele ganhar 1% ao mês, estará feliz da vida. E ele preferiu deixar o dinheiro investido, até porque tivemos um recorde de lançamentos e o comprador entendeu que esse estoque não iria acabar tão cedo e optou por esperar.

Além disso, tivemos questões periféricas como a crise gerada pela guerra, impactando a logística e a cadeia produtiva. A inflação mundial também. E, no caso do Brasil, temos eleições marcadas por extremos, que combina com medo e instabilidade.

Como isso impactou na performance da empresa?

Cumprimos o planejamento do primeiro semestre, mas enxergamos que essas dificuldades estavam piorando o cenário e optamos por adiar dois dos quatro lançamentos que tínhamos programado para o segundo semestre. Foi uma decisão conservadora e acertada: lançar produtos em um ambiente de eleições em dois turnos e Copa do Mundo é arriscado porque tudo isso dispersa a atenção do comprador de imóvel.

E qual a expectativa para o ano que vem?

O que eu enxergo são bons horizontes para o mercado em 2023. A inflação não deve subir de patamar, há um controle melhor sobre o desequilíbrio de preços do INCC, e devemos ter uma tendência de queda de juros até o final do ano que vem. E não teremos mais eleição. Acredito que, quem quer que vença vai tentar fazer o melhor para o Brasil. Estou otimista.

Fonte: Valor Invest

Comentários

Leia estas Notícias

Acesse sua conta
ou cadastre-se grátis