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Outubro Rosa

Outubro Rosa: câncer de mama cresce entre mulheres jovens; paciente relata jornada após descobrir doença

Outubro Rosa, mês de prevenção ao câncer de mama / Foto: Ilustração/Internet
Outubro Rosa, mês de prevenção ao câncer de mama / Foto: Ilustração/Internet

No Outubro Rosa, mês de conscientização sobre o câncer de mama, dados apontam que a pandemia do coronavírus prejudicou as rotinas de diagnóstico e tratamento de câncer de mama.

Em julho deste ano, a Revista Brasileira de Cancerologia indicou uma grande redução na busca das mulheres pela mamografia durante a pandemia. O Data SUS, que é o sistema de informação dos exames realizados pelo sistema único de saúde, revelou um déficit de mais de 1,7 milhões de mulheres que deixaram de fazer o exame em 2020 com relação a 2019.

O número representa uma redução de quase 40% no número de exames realizados em pacientes assintomáticas (mamografias de rastreamento) entre 2019 e 2020. Já em pacientes sintomáticas, ou seja, com alguma queixa clínica relativa às mamas, a redução foi em torno de 20% no mesmo período.

Segundo o Instituto Nacional do Câncer (Inca), o câncer de mama é a causa de maior mortalidade entre as mulheres e o segundo tipo mais frequente no mundo, perdendo apenas para o câncer de pele. Além disso, a doença é a primeira causa de morte por câncer na população feminina no Nordeste e em outras três regiões.

Ao Cada Minuto, a professora universitária e nutricionista, Theresa Siqueira, 48 anos, conta sobre seu diagnóstico de câncer de mama, que ocorreu no final de agosto deste ano após realizar uma biópsia, e como toda sua vida mudou desde então.

Apesar da confirmação ter ocorrido em agosto, a descoberta aconteceu no mês anterior através do exame de mamografia. "No dia 20 de julho, ao realizar a mamografia, a profissional me alertou para agilizar a ultrassonografia devido a dois nódulos endurecidos nas mamas", explica.

Ela relata que costuma realizar a mamografia regularmente, assim como o autoexame. No entanto, devido a um problema uterino fortes, que provoca hemorragias intensas e se agravou entre 2018 e 2020, Theresa precisou priorizar o tratamento da doença e deixou de realizar algumas mamografias. "Tive que priorizar a cirurgia de retirada do útero (histerectomia)".

"No início de 2020 iniciei os exames de rotina e ao decorrer do ano os exames pré-operatórios, que devido a pandemia demorou. A cirurgia do útero foi em dezembro de 2020. Só consegui marcar um mastologista para realizar novos exames em 2021", explica.

"Com o aumento da intensidade do trabalho, diminuição salarial e outras demandas pessoais, 2021 passou rápido. Marquei em junho e só consegui vaga em julho de 2022. Foi aí que começou minha jornada", complementa.

Ela afirma que tudo mudou em sua vida após a descoberta do câncer. "Sou professora da saúde e realizo muitas atividades sobre prevenção das doenças crônicas não transmissíveis, incluindo as diversas formas de câncer. Então conheci muitas pessoas que enfrentaram diversos tipos de cânceres. São muitos os tratamentos que existem hoje", destaca.

A professora comenta que um dos pontos sempre citados em suas aulas é que cada doença é uma experiência singular. "Hoje estou aprendendo com a vida. São casos singulares que depende de cada pessoa".

Segundo Theresa, o apoio dos profissionais de saúde têm sido muito importantes. "A psicóloga e as médicas que estão me atendendo são maravilhosas (mastologista, oncologista e cirurgiã plástica). Elas me ensinam em cada consulta que cada dia tem a sua preocupação".

"Também tenho uma aproximação com as práticas integrativas e complementares que me leva a um autoconhecimento. As amigas e amigos estão sendo essenciais. A minha família está sendo preciosa neste momento. Cada semana é um planejamento. Não consigo pensar daqui a um mês o que será", relata.

Atualmente, Theresa aguarda o resultado de uma biopsia para definir qual será o tratamento. Ela já realizou uma cirurgia de mastectomia bilateral para a retirada dos nódulos e já teve a reconstrução mamária na cirurgia. "Algo que décadas atrás não seria possível".


Como identificar a doença

A ginecologista do Hapvida NotreDame Intermédica, Cláudia Pinto, alerta para os sinais da doença, que tem crescido em pacientes com menos de 35 anos.

"O sintoma mais comum é o aparecimento de nódulo indolor, duro e irregular nos seios. Outros sinais incluem edema cutâneo semelhante à casca de laranja, descamação ou ulceração do mamilo, e secreção papilar, que pode ser rosada ou avermelhada. Lembrando que é mais difícil o diagnóstico nas mulheres mais jovens, por causa da influência hormonal e da densidade das mamas", explica a médica.

A incidência do câncer de mama em mulheres jovens e com menos de 35 anos mais que dobrou no Brasil nos últimos anos, segundo dados da Sociedade Brasileira de Mastologia.

Ainda conforme a especialista, o câncer de mama na mulher jovem costuma ser mais agressivo, tem taxa de crescimento maior e mais risco de metástase, que é quando as células cancerosas se separam do tumor principal e vão para outras partes do corpo.

Causa é multifatorial

Ela ressalta que, para a maioria dos casos, a causa da doença é multifatorial: predisposição genética, sedentarismo, obesidade, exposição a hormônios e consumo de álcool comumente podem estar atribuídas à patologia.

"Também não podemos esquecer da mudança no estilo de vida feminino. Antigamente as mulheres menstruavam mais tarde, amamentavam por mais tempo e entravam mais cedo na menopausa. A mama passava menos tempo sob o estímulo dos hormônios ovarianos. Além disso, hoje em dia, a mulher está muito mais suscetível ao estresse, depressão e ansiedade, fatores que enfraquecem as defesas do organismo, baixam a imunidade e naturalmente predispõem ao câncer".


Diagnóstico precoce

Para ela, a melhor forma de se proteger e diminuir a mortalidade é o diagnóstico precoce.

"A mulher com qualquer alteração nas mamas deve procurar um médico. É preciso atenção para mudanças na pele ou no tamanho dos seios e na aparência dos mamilos, bem como relatar ocasionais sangramentos. A cura depende muito do estágio do tumor, por isso é fundamental descobri-lo no início e realizar todos os exames preventivos", conclui.

*Estagiárias sob supervisão da editoria


Fonte: Cadaminuto

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