Para muitos alagoanos as contas do final do mês não estão fechando, é o que revelou a Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor de Maceió (PEIC). De acordo com os dados, a capital alagoana registrou em agosto o quinto mês consecutivo com aumento na inadimplência. De acordo com o levantamento, que é elaborado pelo Instituto Fecomércio Alagoas, em parceria com a Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), mais de 67 mil famílias se encontram nessa condição, afetando 22,2% dos lares.
A taxa de endividamento em Maceió também tem acumulado uma sequência de altas sucessivas desde o início do ano. Já são seis meses seguidos de crescimento, deixando-a no maior patamar dos últimos dois anos. Segundo a pesquisa, 72,7% das famílias estão endividadas, o que representa um total de mais de 220 mil lares com o orçamento comprometido com alguma dívida.
Os dados demonstram ainda que 5,7% dos entrevistados declararam que não conseguirão pagar as suas contas. Ou seja, mais de 17 mil famílias maceioenses se encontram nessa situação. Quantitativo que também vem apresentando tendência de alta desde março, quando ficou em 4,1%, após oito meses consecutivos de queda, iniciada em agosto de 2021, quando o índice estava em 7,5%.
Na comparação mensal, entre julho e agosto, cerca de cinco mil famílias entraram para a estatística do endividamento, contribuindo para que a pesquisa registrasse um comprometimento médio de 30,6% da renda mensal dos maceioenses endividados com algum débito. Quanto aos que já estão com contas em atraso, de um mês para o outro, o aumento foi de quase duas mil famílias. De acordo com o levantamento, o atraso médio nos pagamentos chega a 65 dias, sendo que em 30,3% dos casos já ultrapassa a marca de 90 dias.
Diante desse cenário, o orçamento de 58,3% das famílias está comprometido com dívidas que se estendem de três a seis meses; para 29,8%, o período é de seis meses a um ano; e, para 9,9%, mais de um ano. A pesquisa aponta também que o principal meio utilizado para o pagamento foi o cartão de crédito, com 95,5%, seguido do carnê, com 24,7%, do financiamento de carro, com 3,9%, e do financiamento de casa, com 2,2%.
Para o economista e coordenador do Instituto Fecomércio, Victor Hortencio, os números da pesquisa preocupam, apesar do nível de endividamento em Maceió estar abaixo da média nacional. Segundo levantamento da CNC, 79% das famílias brasileiras estão endividadas, ou seja, a cada dez lares, oito tem o orçamento comprometido com algum compromisso financeiro.
Hortencio destaca que, em se tratando de expectativa dos empresários e intenção de consumo, maior movimentação econômica implica em mais endividamento como meio comum de aquisição de bens e serviços. Contudo, ainda de acordo com o economista, o aumento no número de endividados, no contexto atual, pode estar sendo potencializado pela pressão inflacionária, principalmente no preço dos alimentos, o que contrai significativamente o poder de compra das famílias de faixa de renda mais baixa. "É importante lembrar também que a melhora dos indicadores de ocupação no mercado de trabalho e as políticas de transferência de renda podem, por sua vez, estar contendo, indiretamente, um crescimento ainda mais acentuado do endividamento", observa.
*Com assessoria
Fonte: Cadaminuto