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O que é voto útil? Ele pode ocorrer nas eleições 2022?

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Segundo cientistas políticos, três elementos que contribuem para o voto útil estão presentes nestas eleições. Saiba quais são eles Candidatos a presidente da República nas Eleição 2022

Montagem Valor

Na disputa pelo eleitorado, a expressão “voto útil” tem aparecido com frequência nas declarações dos candidatos em meio a uma campanha eleitoral acirrada. Mas o que exatamente isso quer dizer?

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O voto útil, segundo cientistas políticos consultados pelo Valor, é uma estratégia para retirar ou diminuir a força de um competidor que o eleitor não gosta em detrimento da sua opção sincera pelo candidato que considera ideal.

É uma decisão pragmática. Abre-se mão de votar no candidato preferencial para depositar voto no postulante que possui mais chances de vencer o pleito e derrotar um adversário que o eleitor rejeita.

“É um voto mais baseado no desgostar, é um voto contra alguém. O eleitor abre mão da sua preferência número um para retirar da disputa um candidato que odeia (mais do que gosta do ideal)”, explica Bruno Bolognesi, cientista político e professor na Universidade Federal do Paraná (UFPR).

Nas eleições 2022, campanhas de candidatos mais bem posicionados nas pesquisas de intenção de voto e seus apoiadores vêm fazendo movimentos para atrair o voto útil de outros candidatos para liquidar as eleições já no primeiro turno. É o caso de Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

Postulantes que seguem atrás na disputa, por outro lado, têm condenado a prática com veemência, para não verem suas candidaturas desidratadas. Eles têm defendido que eleitores votem no candidato que tem sua preferência e que, portanto, são sua primeira opção. Nesse caso, os exemplos são Ciro Gomes (PDT) e Simone Tebet (MBD).

Voto útil faz parte do jogo

Na avaliação de especialistas, o voto útil faz parte do jogo democrático.

“Não é a melhor alternativa porque seria interessante que as pessoas exprimissem, pelo menos no primeiro turno, sua escolha preferencial. Mas para quem está na frente na disputa é um movimento natural para tentar liquidar a fatura”, diz Leandro Consentino, doutor em Ciência Política pela Universidade de São Paulo (USP) e professor no Insper.

De acordo com Bolognesi, da UFPR, o voto útil não é sintoma de países pouco democráticos. “Existe em vários países, como no Reino Unido que possui uma das democracias mais antigas do mundo”, afirma.

No Brasil, nas eleições presidenciais de 2018, o voto útil também marcou terreno. Mas, segundo observa Consentino, com um movimento contrário ao que ocorre agora. “Na ocasião, votos de centro-direita migraram para o Bolsonaro com medo da volta do PT. Foi um movimento que desidratou candidatos do centro”, aponta.

O que vemos agora, Consentino acrescenta, "é uma narrativa para liquidar a fatura para a esquerda logo no primeiro turno para evitar a continuidade do bolsonarismo”.

O voto útil pode ocorrer nas eleições 2022?

Pode. Segundo os cientistas políticos, três elementos que contribuem para o voto útil estão presentes nestas eleições: forte polarização, diferença apertada de intenções de voto entre os candidatos que lideram a disputa e os índices de rejeição desses candidatos.

Bruno Bolognesi, da UFPR, destaca a centralidade das pesquisas eleitorais no fenômeno do voto útil. “Quanto mais apertadas as pesquisas, mais a perspectiva calculadora entra”, diz. Fazendo uma comparação com um cardápio de restaurante, o especialista aponta que a consequência das prévias de intenções de voto é positiva.

“Será um inferno escolher naquele cardápio grosso plastificado que serve de sopa a picanha na pedra. A diminuição do cardápio obriga candidatos a fazerem mais concessões, a incorporar [na campanha] temas que não incorporariam em um primeiro momento, e de representar mais setores da sociedade em vez de focar na personalidade individual do candidato”, diz.

Pela pesquisa Datafolha divulgada no dia 15 de setembro, a diferença entre os dois candidatos à Presidência da República mais bem posicionados é de 12 pontos percentuais. O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, candidato do PT, aparece na liderança da disputa com 45% das intenções de voto. Candidato à reeleição, o presidente Jair Bolsonaro (PL) vem atrás, com 33%.

O ex-governador Ciro Gomes (PDT) tem 8% e a senadora Simone Tebet (MDB), 5%. Votos em branco e nulo somam 4%, e eleitores indecisos são 2%.

Os índices de rejeição a um candidato que aparecem nas pesquisas também são relevantes para analisar o voto útil. Pelo último Datafolha, pouco mais da metade do eleitorado (53%) não votaria de jeito nenhum no presidente Jair Bolsonaro. A rejeição a Lula é de 38%.

O mesmo levantamento mostra, ainda, que a maioria dos eleitores entrevistados (78%) está totalmente decidida em quem irá votar para presidente no dia 2 de outubro. Lula e Bolsonaro têm o mesmo percentual de eleitores decididos – 86% cada.

O percentual de eleitores de Ciro com decisão tomada é de 48%. Entre os eleitores de Simone Tebet 47% estão certos do voto.

Fonte: Valor Invest

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