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Mistério por trás do surgimento dos anéis de Saturno é descoberto depois de quatro séculos

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Um estudo realizando por Jack Wisdom e publicado na quinta-feira, 15, na prestigiada revista Science, está perto de desvendar o mistério por trás dos anéis de Saturno. Há anos os especialistas tentam entrar em um consenso sobre sua origem e idade. Porém, a pesquisa realizada por Wisdom aparenta estar próxima de dar uma resposta. Ela aponta que há 100 milhões de anos, rompeu-se uma Lua que se aproximou demais de Saturno e seus vestígios ficaram na órbita do planeta. “É satisfatório ter encontrado uma explicação plausível” sobre sua formação, confidenciou Wisdom, que também é professor de ciências planetárias do Massachusetts Institute of Technology (MIT). O sexto planeta em torno do Sol se formou há 4,5 bilhões de anos, nas origens do sistema solar, entretanto, seus anéis só foram descobertos por Galileu há uns 400 anos e “são dos objetos mais interessantes de se observar no sistema solar através de um pequeno telescópio”, diz Wisdom que, junto a seus colegas, construiu um modelo complexo que permite não só explicar o aparecimento dos seus anéis como entender a inclinação do planeta.

O eixo de rotação de Saturno está inclinado 26,7° em relação à sua vertical. E sendo este planeta um gigante gasoso, seria de se esperar que o processo de acúmulo de matéria que levou à sua formação tivesse evitado esta inclinação. Recentemente, os cientistas chegaram a uma descoberta através de complexos modelos matemáticos. Titã, o maior satélite de Saturno (dos mais de 80 que tem) se distancia à razão de 11 centímetros por ano. Esse movimento alterou pouco a pouco a frequência com que o eixo de rotação do planeta dá uma volta completa ao redor da vertical, um pouco como acontece com um peão inclinado. Um detalhe importante, já que há um bilhão de anos, esta frequência entrou em sincronia com a frequência da órbita de Netuno; um mecanismo poderoso que provocou a inclinação de Saturno até 36°. No entanto, os cientistas observaram que esta sincronia entre Saturno e Netuno (chamada ressonância) não era mais exata e só um evento poderoso poderia interrompê-la. Portanto, anteciparam a hipótese de que uma Lua de órbita caótica se aproximou demais de Saturno, até que forças gravitacionais contraditórias causaram sua ruptura. “Rompeu-se em vários pedaços e estes pedaços, também deslocados, formaram pouco a pouco os anéis”, explica Wisdom. A influência de Titã, que continuou se afastando, reduziu finalmente a inclinação de Saturno ao nível que pode ser observado hoje.

Wisdom batizou a lua Chrysalis (Crisálida), comparando o aparecimento dos anéis de Saturno a uma borboleta que emerge de um casulo. Os cientistas pensaram que Chrysalis fosse um pouco menor do que a nossa Lua, e mais ou menos do tamanho de outro satélite de Saturno, Jápeto, quase totalmente formado por gelo. “É, então, plausível levantar a hipótese de que Chrysalis também é feita de água gelada, o que é necessário para criar os anéis”, ressalta o professor. Acredita ter resolvido o mistério dos anéis de Saturno? “Demos uma boa contribuição”, responda, antes de acrescentar que o sistema ainda contém “muitos mistérios”.

Fonte: Jovem Pan

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