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"Queremos levar o espírito do sul do Brasil para o mundo"

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Entrevista | Evandro Boscardim, CEO do Grupo Bertolini Levar o “espírito do lugar”, no caso, de Bento Gonçalves/RS, traduzido nos móveis planejados de luxo de sua companhia para o resto do mundo, é o atual desafio de Evandro Boscardim, CEO do Grupo Bertolini, dono da marca de mobiliário Evviva – cujo faturamento deve crescer 70% neste ano, sobre os R$ 54 milhões de 2021.

Depois de acelerar a rede de franquias no país, que já reúne 32 unidades, o executivo pretende desembarcar em Portugal e no Paraguai ainda neste ano , em seguida, nos Estados Unidos, em 2023. Nesta entrevista, Evandro fala dos desafios de internacionalizar a empresa sem perder a identidade local, antecipa a estratégia para conquistar o consumidor de luxo no exterior e analisa o mercado de móveis planejados no Brasil.

Quais são os desafios para levar a Evviva ao mercado internacional?

Evandro Boscardim — Os principais são manter a identidade da marca e atingir um posicionamento com diferencial competitivo. No mais, estudamos bem os mercados e estamos atentos às demandas locais, como a adequação às leis e às especificações e a questão da sustentabilidade em toda a cadeia de valor, algo essencial para quem busca fazer negócios no exterior.

A marca tem um aspecto cultural muito forte do sul do país. Como traduzir isso para o cliente estrangeiro?

Esse é o tema de nossa campanha neste ano: o “espírito do lugar”, em que destacamos a origem italiana, a hospitalidade típica dos gaúchos e a cultura do trabalho artesanal, que é muito presente nas linhas de nossos produtos. Já trabalhamos seguindo tendências e inspirações de design da indústria europeia, mas queremos acrescentar a artesanalidade brasileira e a capacidade de personalização de nossos móveis.

Personalização é fundamental para o mercado de luxo?

Sim, está na essência: criar uma experiência única para o consumidor. Embora sejamos uma indústria, o modelo de produção da Evviva é artesanal, peça a peça, para atender ao desejo de cada cliente. Este nicho requer alta qualidade de produto e de serviços, por isso, planejamos investir cerca de R$ 80 milhões no aprimoramento da produção, com equipamentos vindos da Alemanha e da Itália, máquina para pintura de alta precisão, enfim. Tudo tem de ser perfeito e, neste sentido, além das máquinas, investimos também na qualificação dos profissionais porque ela é fundamental na geração de valor e excelência na jornada do cliente.

Você acelerou a abertura de franquias da marca. Quais as vantagens e metas no curto prazo?

Acredito que as vantagens mais importantes foram dar agilidade e segurança jurídica ao plano de expansão, além da padronização dos investimentos e da gestão em todos os aspectos – financeiro, contábil e a questão do serviço.

Com a integração das unidades, pudemos dar ênfase na excelência da entrega do produto e nos serviços em toda a cadeia, produzindo uma experiência autêntica e exclusiva de forma sistêmica. Isso ajuda a construir um ciclo virtuoso de inovação junto aos franqueados.

A projeção para o ano é de abertura de lojas em Mogi das Cruzes (SP) e em Recife (PE), além de Ciudad del Este, no Paraguai, e de Cascais, em Portugal. E estamos prospectando em Orlando e no Texas, nos Estados Unidos. O objetivo é chegar a 50 lojas em 2023.

Ao mesmo tempo, estamos revisitando unidades em Santos (SP), Londrina e Curitiba (PR), Rio de Janeiro (RJ) e Porto Alegre (RS). A questão do momento e readequar as lojas para um novo posicionamento dentro do processo de migração para franquias.

Como avalia este ano no setor moveleiro nacional?

No segmento de planejados de alto padrão, as vendas estão superando as expectativas, e há muita oportunidade de crescimento para quem investir nesse posicionamento. Estudos recentes de mercado mostram que o setor moveleiro no Brasil deve movimentar R$ 60 bilhões em negócios no próximo ano, sendo 10% no segmento de luxo.

Agora, há um outro fluxo no segmento de móveis para as classes C e D, que nós chamamos de “seriados”. Nesta categoria, já percebemos uma certa recessão, não só pelo impacto da inflação sobre os insumos e matéria-prima, mas pelo endividamento das pessoas e pelas taxas de juros mais altas, o que afeta a capacidade de financiamento dos clientes.

O setor ainda sofre com os custos da matéria-prima?

Sim, ainda estamos sob impacto dos efeitos da pandemia nos insumos da indústria. Houve aumento de preços das commodities, como o minério de ferro, de onde vem o aço que é essencial para o setor, o que elevou os preços em mais de 200% há dois anos. Agora, estão 140% acima do praticado em 2020. Alta também em exportações e importações dessa matéria-prima pela demanda dos chineses. E a madeira ficou mais escassa nos dois últimos anos, o que elevou o preço médio em 40%.

Fonte: Valor Invest

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