O Afeganistão vive uma forte crise econômica e humanitária um ano após a retomada do poder pelo Talibã. Hospitais precários, restrições rígidas às mulheres e a pobreza são símbolos da volta do regime extremista, que retomou o poder em 15 de agosto de 2021, na esteira da retirada apressada das tropas estadunidenses. Segundo o cientista político Marcelo Suano, o vácuo deixado pelos Estados Unidos foi ocupado pela China: “Aí nós vemos o grande erro estratégico dos EUA, sob o governo de Joe Biden nesse momento, quando faz a retirada como fez. A China olhou e disse ‘vinde a mim as criancinhas’. Qual é a grande jogada da China? O chinês pensa estrategicamente, diferente do americano. Ele usa o fator tempo e raciocina com a ocupação dos vácuos de poder”. De volta ao poder, o Talibã prometeu um comando mais brando do que o primeiro regime do grupo no país, entre 1996 e 2001. Mas a promessa não foi cumprida. Para Suano, o retrocesso para o radicalismo Talibã era previsível.
“Esse é um dado concreto da doutrina que o talibã prega, que é um islamismo mais radical. A implantação da Xaria é o que eles vão querer implantar. Se não implantam em um primeiro momento, eles implantarão depois porque isso está configurado no seu modo de pensar e ver o mundo. Então a tendência natural é voltar para o lado mais rígido e mais configurado. Alguns diriam fanatismo, eu prefiro dizer fundamentalista”, argumentou o especialista. Segundo um relatório da ONG Anistia Internacional, a vida das mulheres e meninas afegãs mudou radicalmente desde que o Talibã chegou ao poder, com restrições na educação, na forma como se vestem, no trabalho e até mesmo na mobilidade.
*Com informações do repórter Vinicius Moura
Fonte: Jovem Pan