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Alpes Italianos

Degelo de geleiras redesenha fronteira entre Itália e Suíça e provoca disputa territorial entre os dois países

Além do aumento de calor nos países da Europa, na China e os Estados Unidos, as enchentes do Brasil e Austrália, as mudanças climáticas afetam a divisão territorial de alguns países. No alto dos Alpes nevados, a uma altitude de 3.480 metros, houve alteração na fronteira entre a Suíça e a Itália, provocando uma disputa sobre a localização de um refúgio de montanha italiano que agora fica do lado suíço. A situação surpreende atletas e turistas, que se questionam: “Estamos na Suíça, ou na Itália?”. A pergunta é válida, e a resposta foi alvo de negociações diplomáticas que começaram em 2018 e concluíram no ano passado. Os detalhes do acordo permanecem em segredo.

A linha de fronteira entre os dois países é determinada pelo fluxo de água do degelo, que corre em direção de um país, ou outro. Mas o recuo da geleira Theodul significa que a bacia deslizou em direção ao Rifugio Guide del Matterhorn, adjacente ao pico Testa Grigia, com 3.480 metros de altitude, e passando gradualmente abaixo do refúgio. A linha de fronteira entre os dois países é determinada pelo fluxo de água do degelo, que corre em direção de um país, ou outro. Mas o recuo da geleira Theodul significa que a bacia deslizou em direção ao Rifugio Guide del Matterhorn, adjacente ao pico Testa Grigia, com 3.480 metros de altitude, e passando gradualmente abaixo do refúgio que foi construído em um afloramento rochoso em 1984. Suas 40 camas e longas mesas de madeira estavam inteiramente do lado italiano. Mas agora dois terços do albergue, incluindo a maioria das camas e o restaurante, estão tecnicamente no sul da Suíça.

refúgio itália e suíça

Rifugio Guide del Cervino, com 3.480 metros de altura, no pico Testa Grigia, entre Zermatt Suíça e Breuil-Cervinia, Itália "Fabrice COFFRINI / AFP

A fronteira ítalo-suíça atravessa geleiras ao longo da bacia hidrográfica. Mas a geleira Theodul perdeu quase um quarto de sua massa entre 1973 e 2010. Esse processo expôs rochas sob o gelo e alterou a divisão de drenagem, forçando os dois vizinhos a redesenharem cerca de 100 metros de sua fronteira. Segundo Wicht, esses ajustes eram frequentes e tendiam a ser resolvidos sem envolver políticos. “Estamos discutindo sobre um território que não vale muito”, disse. Neste caso, “é o único sítio que envolvia uma propriedade”, que dava “valor econômico” ao terreno. Seus colegas italianos se recusaram a comentar, “devido à complexa situação internacional”. O ex-chefe da Swisstopo Jean-Philippe Amstein disse que essas disputas geralmente são resolvidas com a troca de parcelas de terra equivalentes em tamanho e valor. Neste caso, “a Suíça não está interessada em obter um pedaço da geleira”, explicou, “e os italianos não podem compensar a perda de superfície suíça”.

Embora o resultado do acordo seja secreto, o zelador do abrigo, Lucio Trucco, de 51 anos, foi informado de que o local permanecerá em solo italiano. “O abrigo ainda é italiano porque sempre fomos italianos”, afirmou. “O cardápio é italiano, o vinho é italiano, e os impostos são italianos”, acrescentou. Anos de negociações adiaram a reforma do refúgio, porque nenhuma das cidades de ambos os lados da fronteira podia emitir licença de construção. As obras não serão concluídas a tempo da inauguração, prevista para o final de 2023, de um novo teleférico no lado italiano do Monte Klein Matterhorn. Suas pistas são acessíveis apenas por Zermatt, a conhecida estância de esqui suíça. Algumas estações de esqui de altitude média estão se preparando para fechar as operações, devido ao aquecimento global, mas se pode esquiar no verão nas encostas de Zermatt-Cervinia, embora isso contribua para o recuo da geleira. “Por isso temos que valorizar a área aqui, porque com certeza será a última a morrer”, comentou Trucco. Por enquanto, nos mapas da Swisstopo, a sólida faixa rosa da fronteira suíça continua sendo uma linha tracejada ao passar pelo abrigo.

*Com informações da AFP

Fonte: Jovem Pan

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