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Após ataques às urnas de Bolsonaro, Fachin fala em 'negacionismo eleitoral' e pede basta à desinformação

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Bolsonaro convidou diplomatas para uma reunião em que reciclou teorias da conspiração sobre eleições passadas — já desmentidas por autoridades — e atacou as urnas eletrônicas Minutos depois de o presidente Jair Bolsonaro voltar a levantar suspeitas sobre o sistema de votação brasileiro, o presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ministro Edson Fachin, rebateu as alegações do chefe do Executivo durante uma palestra no Paraná.

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Bolsonaro convidou dezenas de diplomatas para uma reunião no Palácio da Alvorada, ocasião que foi usada para reciclar teorias da conspiração sobre eleições passadas — já desmentidas por autoridades — e atacar as urnas eletrônicas.

"A Justiça Eleitoral está preparada e realizará eleições de forma limpa, transparente e auditável. Há um inaceitável negacionismo eleitoral por parte de personalidade pública importante em um país democrático", disse Fachin, sem citar nominalmente Bolsonaro.

Visivelmente irritado, o presidente do TSE classificou como "grave" a postura de Bolsonaro, que é candidato à reeleição e está atrás nas pesquisas eleitorais.

"É muito grave a acusação de fraude e de má-fé a uma instituição, mais uma vez, sem prova alguma. Precisamos nos unir e não aceitar a razão de tanto ataque institucional e ataques pessoais", apontou.

Segundo Fachin, "mais grave ainda é envolver a política internacional e as Forças Armadas nessa contaminação". "Sempre estivemos abertos ao diálogo. Não contra-atacamos ninguém, mas rejeitamos a falta de compromisso com a verdade."

Ele voltou a defender que as Forças Armadas são um órgão do Estado, e não de um único governo. "É hora de dizer basta à desinformação e ao populismo autoritário que coloca em xeque a conquista da Constituição de 1988".

Para o presidente do TSE, "todos os sinais de alerta estão nesse cenário". "São sinais que atentam contra a independência dos Poderes e procuram abolir com violência física, simbólica ou verbal a pluralidade, a tolerância e a liberdade", disse.

Ele também voltou a afirmar que o TSE aceitarás críticas para aprimorar o sistema, mas "intervenções na Justiça Eleitoral, jamais". Segundo ele, o que Bolsonaro disse hoje sobre o sistema eleitoral "são mentiras, simples assim, ditas de modo nítido".

Para Fachin, a sociedade e as instituições têm o desafio de combater a divulgação de "fake news" sobre o sistema eleitoral. "O combate à desinformação desafia a era da pós-verdade, em que se atenuou a reprovação social das mentiras. As cruzadas ficcionais disputam o canteiro da verdade, dificultam a paz e corroem os consensos."

Segundo o ministro, é essa "manipulação que estamos todos a enfrentar, a de tentar sequestrar a ação comunicativa". Para ele, "o objetivo é sequestrar a própria opinião pública e a estabilidade política. Em meio a um debate desvirtuado e a um clima comunicativo adoecido, recusemos a cólera", disse.

Em sua fala, Fachin rebateu também o que chamou de "inverdades" sobre o sistema eleitoral. "Neste dia 18 de julho, diversas inverdades estão sendo mais uma vez atribuídas à Justiça Eleitoral. A primeira é a que teria havido ataque hacker em 2018 que teria colocado em risco as eleições, o que não é verdade", disse.

"É hora de dizer basta à desinformação e ao populismo autoritário que coloca em xeque a conquista da Constituição", disse Fachin

Abdias Pinheiro/Secom/TSE

No discurso a embaixadores, Bolsonaro voltou a se referir o inquérito aberto pela Polícia Federal para apurar uma suposta invasão aos sistemas da Justiça Eleitoral.

"O acesso indevido e que é objeto de investigação não representou risco à integridade das eleições. O código-fonte utilizado em todas as eleições passa por sucessivas verificações e testes. Dizer que um hacker teve acesso ao código-fonte é como dizer que se arrombou uma porta aberta. O programa não roda se vier a ser modificado", afirmou Fachin.

Segundo o ministro, também é falso dizer que teria havido adulteração dos votos, pois as urnas não entram em rede. Para Fachin, as "fake news" foram repetidas muitas vezes na intenção de torná-las uma verdade fictícia.

Ele também rebateu a informação de que somente o Brasil não adota o voto impresso e lembrou que a medida foi rejeitada pelo Congresso no ano passado. "Ao não acolher o voto impresso, o Congresso decidiu que o sistema de votação é precisamente este que aplicamos há muitos anos."

O presidente do TSE também voltou a apontar que não é verdade dizer que o TSE não acolheu sugestões feitas pelas Forças Armadas à Comissão de Transparência Eleitoral e lembrou que foi a própria corte que convidou os militares, que já participam do processo de logística das urnas, para participar do colegiado.

"Os códigos-fontes estão disponíveis desde outubro do ano passado inclusive para as Forças Armadas", disse.

Ele também refutou a alegação que as urnas eletrônicas do modelo 2020 não serão testadas. Segundo ele, outras informações falsas feitas "em uma encenação que se realizou hoje" estavam sendo "devidamente esclarecidas" pelo TSE. Durante a fala de Bolsonaro, a assessoria da corte divulgou respostas a dez pontos levantados pelo presidente.

Fonte: Valor Invest

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