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Jornal da Manhã

Encontro entre Biden e Bolsonaro pode ser bom para os dois lados, diz ex-embaixador


O presidente do Brasil, Jair Bolsonaro (PL), terá na 9ª edição da Cúpula das Américas, em Los Angeles, nesta quinta-feira, 9, como principal compromisso o seu primeiro encontro bilateral com o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden. A viagem ocorre depois de Biden insistir para que Bolsonaro aceitasse o convite da Casa Branca. Desde que tomou posse em 20 de janeiro de 2021,o líder norte-americano tem evitado gestos de aproximação a Bolsonaro. O brasileiro foi um dos últimos líderes mundiais a cumprimentá-lo pela vitória contra o ex-presidente americano Donald Trump na eleição presidencial. Ambos nunca se quer conversaram por telefone. A ida para a reunião só foi concretizada depois da garantia do encontro bilateral de ao menos 30 minutos entre os dois chefes de Estado.

O ex-embaixador do Brasil nos Estados Unidos Rubens Barbosa acredita que os dois países só têm a ganhar com a conferência. “Os dois presidentes se beneficiaram desse encontro. O presidente Biden porque, com a vinda do presidente Bolsonaro, o Brasil não ajudou a esvaziar essa cúpula, que já estava meio esvaziada pela ausência de cinco a seis presidentes, e o presidente Bolsonaro porque vai ter essa possibilidade de se encontrar com o líder do país mais importante do mundo e poderá dizer que não está isolado ou não é recebido pelos líderes globais”, opinou.

O professor de direito internacional da FMO Manuel Furriela afirma que o compromisso demonstra um sinal de aproximação entre os dois países. “Vai ser uma oportunidade de aproximação entre os dois presidentes porque o presidente Jair Bolsonaro havia apoiado publicamente a candidatura do Donald Trump, mas o presidente Joe Biden, quando saiu vitorioso e também quando assumiu o poder, adotou uma linha muito pragmática em relação ao Brasil. Alguns grupos tinham uma expectativa de que haveria atrito entre Joe Biden e Jair Bolsonaro, entre os dois presidentes, entre os dois países, e, pelo contrário, o governo americano apresentou algumas pautas, principalmente relacionadas ao meio ambiente, o Brasil atendeu diversas dessas expectativas, então há sim uma linha de entendimento entre os dois presidentes. Então, agora, acredito que vai ser a oportunidade de uma aproximação e, essa aproximação também será capitalizada pelo presidente brasileiro nas eleições, demonstrando prestígio internacional, demonstrando que há um encontro privado entre ele e o governo americano”, disse. Entre os assuntos a serem abordados pelos dois líderes figuram a preservação do meio ambiente, o incentivo a energias limpas, a guerra entre Rússia e Ucrânia e a democracia no continente.

A aproximação é importante para os Estados Unidos porque a China superou os americanos como principal parceiro comercial de vários países da América Latina, incluindo o Brasil. O professor Universidade de Relações Exteriores da China Marcos Vinícius de Freitas indica que Joe Biden usará o encontro bilateral com o Brasil de forma positiva e tentará, na cúpula, solidificar a relevância norte-americana na região. “É extremamente necessário, porque os Estados Unidos são o segundo maior parceiro econômico do Brasil, a quantidade de empresas norte-americanas que existem no Brasil é relevante, você tem um fluxo de brasileiros que viajam para os Estados Unidos e mesmo uma diáspora brasileira grande nos Estados Unidos, então o diálogo é importante. Tem muito a ver com cabedal de coisas que estarão na mesa de negociação, oferecido pelos Estados Unidos nesse momento, e que precisam fazer isso, e aqui é importante enfatizar, porque senão eles começam a perder, de uma forma cada vez mais consolidada, a sua relevância na região”, comenta.

O presidente Bolsonaro será acompanhado, entre diversos membros da comitiva, do ministro das Relações Exteriores, Carlos França. A 9ª edição da Cúpula das Américas, evento que reúne lideranças do continente, foi aberta na última quarta-feira, 8, por Joe Biden. Em seu discurso inicial, ele disse que a democracia é um ingrediente essencial para as Américas e anunciou que os Estados Unidos trabalharão juntos com os governos da região em iniciativas econômicas, climáticas e imigratórias.

*Com informações do repórter Daniel Lian

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