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Avenida Rebouças renasce valorizada

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Com metro quadrado a R$ 22 mil, esta via de trânsito de São Paulo ganha ar cosmopolita com novos empreendimentos imobiliários, comércio para pedestres e lazer sofisticado A Avenida Rebouças sempre teve tudo o que as incorporadoras sonham quando buscam um local para investir: excelente rede de transporte público, cercada por ótimas opções de gastronomia e compras em ambos os lados, Jardins ou Pinheiros, e conexão direta com dois centros financeiros — as regiões da Paulista e da Faria Lima. Mas foi apenas em 2016, com a implantação do atual Plano Diretor da cidade, que a Rebouças despontou. Hoje, quem passa pela avenida percebe que ela está em plena transformação.

Nos últimos anos, o endereço ganhou muitos edifícios de estilo contemporâneo, a maioria de uso misto voltada ao alto padrão. Há desde residenciais com foco no público jovem, mercado para classe média-alta e hotel com bala-da no rooftop — o lounge bar Tetto, no alto do WZ Hotel. Uma metamorfose ainda em andamento e que deve entregar uma Rebouças totalmente repaginada, mais cosmopolita, revitalizada com lojas, cafés e restaurantes nas fachadas.

Essa mudança recente fez o valor do metro quadrado na avenida disparar: de R$ 15 mil em 2019 para R$ 22 mil agora, tornando a região uma das mais cobiçadas da capital. De acordo com estudo exclusivo feito pelo DataZAP+, entre 2015 e 2022, a média da variação de preço para venda na capital paulista foi de 16,16%, enquanto na Rebouças bateu 26,52%. Para a locação, a variação da cidade ficou em 8,66%; na avenida, em 14,92%.

“O investidor que entrou no boom da construção civil da Avenida Rebouças teve muito sucesso. Além de ter o imóvel mais valorizado do que a média da cidade, o aluguel também teve aumento equivalente, tornando o negócio mais rentável”, afirma Pedro Tenório, economista do grupo DataZAP+. Segundo ele, essa valorização está consolidada, com preço médio 18% acima dos praticados há três anos e com pouca margem para descontos significativos.

PLANO DIRETOR FOI A CHAVE

A legislação que entrou em vigor em 2016 favoreceu a Rebouças porque permitiu elevar o coeficiente de aproveitamento do solo e a taxa de ocupação do terreno por parte das incorporadoras.

“Antes disso, a conta não fechava, seja por viabilidade econômica ou potencial construtivo. Os incentivos às edificações de uso misto, com fachadas ativas e próximas do metrô atraíram desenvolvedores imobiliários e estão impulsionando a modernização do eixo”, diz Ariel Frankel, CEO da Vitacon.

A empresa tem investido fortemente na região, com bons resultados de vendas. O empreendimento VN Capote, por exemplo, foi todo vendido no primeiro final de semana do lançamento. Para este ano, a Vitacon pretende apresentar um novo edifício na esquina da Alameda Lorena com a Avenida Rebouças, um projeto focado em investidores que compram para rentabilizar com a locação.

Outros incorporadores que atuam na região repetem o mesmo sucesso. Caso do White 2880, lançado pela SDI Desenvolvimento Imobiliário em junho de 2019, com 162 unidades residenciais. Metade dos apartamentos foi vendida naquele mesmo mês. “Hoje restam apenas duas unidades e é bem provável que esteja 100% vendido quando o prédio for entregue, em agosto, o que não é algo comum”, conta Dario de Abreu Pereira Neto, sócio-diretor da empresa.

O prédio localizado na esquina com a rua Pedroso de Morais tem projeto arquitetônico assinado pelo escritório Aflalo/Gasperini e será de uso misto: escritórios, lazer e residências. “Colocamos as moradias no ponto mais alto e demos um tratamento acústico para diminuir o ruído da avenida”, informa.

Outro empreendimento que traz uma linguagem arquitetônica atualizada para a Rebouças é o Helbor Wide, lançado no final de 2017 com todas as unidades vendidas. Entregue em julho de 2020, o complexo imobiliário multiúso (vencedor do prêmio Master Imobiliário de 2019, na categoria Profissionais — Comercialização) conta com unidades residenciais, torre hoteleira com a bandeira Hilton Garden Inn — a primeira de São Paulo — e o ComVem, centro de conveniências com gastronomia, serviços e produtos.

Com arquitetura assina-da pela Marchi Arquitetura de Solução e paisagismo de Benedito Abbud, o Helbor Wide tem estúdios e duplex com 130 metros quadrados. “O grande diferencial é que o morador do residencial pode contratar os serviços do hotel. Isso é importante porque muita gente que escolhe comprar ou alugar na Rebouças é single, vem de fora e busca essa comodidade”, afirma Marcelo Bonanata, diretor de Vendas da Helbor Empreendimentos S.A.

Para ele, a mudança na lei trouxe benefícios para a Rebouças e deixou claro como “a iniciativa privada, principalmente o setor imobiliário, pode promover boas transformações nos bairros da cidade”.

Uma via em constante metamorfose

Nos anos 1930, a Rebouças ganhou sua primeira camada de asfalto e, desde então, vive transformações contínuas

Ar bucólico e poucos carros na Rebouças no meio do século passado

REPRODUÇÃO/ACERVO HISTÓRICO

Mudanças radicais parecem fazer parte da história da Avenida Rebouças. No final dos anos 1930, o que antes era a pouquíssima movimentada Rua Doutor André Rebouças (nome dado em homenagem ao engenheiro abolicionista baiano) recebeu sua primeira camada de asfalto e foi “promovida” a avenida, tornando-se uma das principais ligações listadas no “Plano Avenidas”, do então prefeito Prestes Maia.

Com o asfalto, veio a transformação da via, que, no final dos anos 1940, atingiu seu primeiro ápice como um dos endereços elegantes da capital paulista. Com o passar dos anos, as famílias que moravam ali decidiram buscar outras regiões mais calmas. Até que em 1970, com a intensificação do trânsito, a Rebouças sofreu nova reviravolta: pontos comerciais começaram a se instalar na avenida até que fosse praticamente toda ocupada: de lojas de automóveis a aluguel de trajes de festas.

Em 2004, a inauguração do corredor exclusivo para ônibus complicou o trânsito de veículos particulares da avenida, com reflexo no fluxo de pedestres. Com a via pouco amigável para carros e pessoas, o comércio local perdeu fôlego, e grande parte dos imóveis comerciais foi abandonada.

“Foi apenas com o novo Plano Diretor de 2016 que os novos edifícios puderam ser construídos, mudando a paisagem e o uso dos espaços para melhor”, analisa Marco Túlio Lima, CEO da Esquema Imóveis. Para o executivo, o efeito positivo dessa transformação mais recente é o aumento do preço do metro quadrado, inclusive nas ruas adjacentes à avenida. “Todo o entorno está se valorizando. É algo que tende a crescer”, aposta.

Fonte: Valor Invest

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