Em entrevista exclusiva à Jovem Pan News, o embaixador da Rússia no Brasil Alexey Labetskiy disse que os objetivos com a operação militar na Ucrânia seguem os mesmos. “Não podemos permitir a existência de uma ameaça real a segurança do nosso povo e do nosso país”, disse. Apesar da última negociação entre os países apontar para o compromisso de neutralidade da Ucrânia e de redução de ataques em Kiev, o embaixador acredita que a Rússia não deve ceder, pois a segurança do país estaria comprometida. Além disso, ele afirmou que a expansão da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) é um risco para toda a região. “Infelizmente, desde os anos 1980 e 1990, nós levamos as conversações como tal e exprimimos a nossa compreensão de que a expansão dessa organização ofensiva não corresponde à necessidade de garantir segurança geral no continente europeu. Todas as promessas de não alargar a organização para ex-membros, ex-territórios, da União Soviética não foram cumpridas. E, hoje, nós temos a realidade de 30 estados membros [da Otan], quando no início de 1990 eram 13”, argumentou Labetskiy.
O embaixador comparou a situação do povo ucraniano àquela vivida pela população russa e ainda destacou a hostilidade que os civis estão enfrentando por parte do mundo. Ele disse que as sanções e os embargos não são apenas econômicos, mas principalmente sociais. “A "russofobia" faz me lembrar agora o período do século passado, quando os nazistas chegaram ao poder”, disse. Mesmo com os embargos impostos à Rússia, o diplomata acredita que o comércio com o Brasil, sobretudo de fertilizantes e trigo não será prejudicado. “Isso foi confirmado durante a visita oficial do presidente da República Federativa do Brasil à Rússia em fevereiro. E nós estamos abertos para continuar a nossa cooperação no domínio comercial, no domínio financeiro e no domínio da realização dos projetos conjuntos, em várias esferas”, disse ele.
O embaixador da Rússia foi convidado para uma audiência na Comissão de Relações Exteriores do Senado Federal e deve comparecer. Os parlamentares também pretendem conversar com o encarregado de negócios da Ucrânia no Brasil, Anatoliy Tkach, e com o chanceler brasileiro, Carlos França, para esclarecer as posições de casa país no conflito, as relações com o Brasil e oferecimento de ajuda humanitária.
*Com informações da repórter Katiuscia Sotomayor
Fonte: Jovem Pan