O conflito entre Rússia e Ucrânia, que acontece desde o dia 24 de fevereiro, fez com que o Sudão, um dos mais pobres do mundo, se visse diante de uma crise alimentar que já atinge a população. Segundo a ONU, um em cada três sudaneses já precisam de ajuda alimentar, e o diretor de operações da Save the Children, David Wright, disse que até o final do ano “20 milhões de pessoas sofrerão insegurança alimentar”, isso significa quase metade da população do Sudão que possui 45 milhões de habitantes.
Rússia e Ucrânia são dois dos principais exportadores de trigo do Sudão, e a invasão já disparou os preços mundiais, além dos recordes de 2008 que já haviam provocado distúrbios por alimentos. A situação atual do país é crítica. A inflação se aproxima de 260%, a moeda se encontra em queda livre e o preço do pão se multiplicou por dez desde o golpe de Estado militar de outubro, que privou o país de qualquer apoio político e econômico internacional. Da noite para o dia, o Estado perdeu 40% de sua renda: o Banco Mundial suspendeu US$ 2 bilhões em ajuda e os Estados Unidos, US$ 700 milhões. O cenário fica ainda pior com o anúncio de Washington, que não vai entregar as 400 mil toneladas de trigo que havia prometido.
Wright alerta que a soma de todos esses fatos levará à grave deterioração de uma situação que já não era boa. O diretor ainda fala sobre outro possível cenário que pode ser adotado pelas famílias como estratégicas para poderem ter uma vida melhor. As medidas são: o abandono escolar, o trabalho infantil ou o casamento de meninas adolescentes e jovens. O Sudão já possui um dos piores índices de educação do mundo árabe, com taxas de matrícula de 76% no ensino fundamental, mas apenas 28% no ensino médio, segundo a Unicef.
O conflito entre Rússia e Ucrânia não trará insegurança alimentar apenas para o Sudão. O secretário-geral da ONU, Antonio Guterres, alertou para o risco de “um furacão de fome” em muitos países, porque com o conflito, a ajuda humanitária será direcionada para a Europa durante o ano de 2022. A ONU estima que 12 milhões de pessoas dentro da Ucrânia precisarão de proteção, assim como outros quase quatro milhões que fugiram para países vizinhos.
*Com informações da AFP
Jovem Pan