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Russos podem ter retirado dinheiro antes das sanções suíças

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Enquanto a UE e os EUA começaram a adotar sanções na quinta-feira, logo em seguida ao ataque russo contra a Ucrânia, o governo suíço demorou até decidir por fazer o mesmo nesta segunda-feira A Suíça passou por cima de sua histórica neutralidade e adotou integralmente as sanções da União Europeia contra a Rússia, incluindo o congelamento das fortunas de russos depositadas nos bancos helvéticos.

No entanto, enquanto a UE e os EUA começaram a adotar sanções na quinta-feira, logo em seguida ao ataque russo contra a Ucrânia, o governo helvético arrastou os pés até decidir por fazer o mesmo a partir das 18h local de segunda-feira.

Para o reputado jornal “Le Temps”, da Suíça de língua francesa, portanto, não se pode excluir “que nos dias entre as sanções impostas por Bruxelas na semana passada e a decisão da Confederação Suíça tenham permitido aos interessados retirar seu dinheiro ou transferi-lo para outro lugar”.

Foi o que aconteceu em 2014, quando os EUA aplicaram sanções contra a Rússia e contra uma parte da elite russa por causa da anexação da Crimeia por Moscou. Documentos descobertos no escândalo do “Panamá Papers, e citados em relatório de 2020 do Senado dos EUA, mostram que em março de 2014 os irmãos Arkady e Boris Rotenberg, amigos de longa data de Vladimir Putin, conseguiram transferir US$ 120 milhões do banco Pictet em Genebra para o Gazprombank em Moscou, pouco antes da entrada em vigor das sanções americanas.

Desta vez, certos analistas estimam que clientes russos procurando tirar seu dinheiro da Suíça provavelmente tomaram o rumo de Hong Kong, onde a China exerce forte influência sobre a praça financeira local. Yves Klein, advogado especializado na recuperação de ativos ilícitos, mencionado na imprensa suíça, diz que o mais provável é que pessoas mais bem informadas anteciparam a transferência de suas fortunas antes do início da guerra que Vladimir Putin faz contra a Ucrânia.

Indagado pelo Valor sobre procedimentos em relação a clientes russos, o banco Credit Suisse afirmou que “atende seus clientes cumprindo todas as leis e regulamentos aplicáveis, incluindo quaisquer sanções das autoridades competentes".

Por sua vez, a Associação Suíça de Bancos disse que “os bancos suíços dispõem de verificações e processos adequados para garantir o cumprimento e evitar violações”. A entidade destacou que a “Rússia é um mercado interessante, mas não é uma prioridade para o setor como um todo”. Afirmou não ter números precisos sobre a exposição dos bancos suíços individuais à Rússia. E que não pode responder a perguntas sobre as atividades comerciais dos bancos, uma vez que estas são uma questão de política corporativa.

O monitoramento do Banco de Compensações Internacionais (BIS), espécie de banco dos bancos centrais, poderá mostrar futuramente se houve realmente fluxo importante de saída de capital russo da Suíça para praças financeiras menos visadas.

Dados do BIS, de setembro de 2021, mostram que a Suíça tem sido um mercado atrativo para a clientela rica russa. Os russos tinham US$ 23 bilhões de negócios com os bancos helvéticos, dos quais US$ 21,4 bilhões na forma de depósitos. Mas essas são cifras consideradas como apenas indicativas por certos analistas, já que o dinheiro russo no estrangeiro é frequentemente detido por empresas de fachada registradas em paraísos fiscais.

A Suíça não adotou sanções contra a Rússia em 2014, depois da anexação da Crimeia. Mas teve que endurecer sua ação também, até porque a clientela russa tornou-se algo mais arriscado. A imprensa local menciona que em 2018 o Credit Suisse bloqueou 5 bilhões de francos suíços pertencentes a russos não identificados, em razão das sanções americanas.

Em 2020, a trading Rosneft, filial do gigante estatal russa, foi quase desmontada em Genebra após ter sido punida pelos EUA por seu comércio de petróleo com a Venezuela.

A Suíça é um centro da maior importância do comércio de matérias-primas. As estimativas são de que 80% de commodities russas como petróleo, metais e grãos seriam vendidas a partir de Genebra, Zug ou Lugano. Com as sanções agora em vigor por causa do ataque à Ucrânia, a situação vai complicar para os russos e para esse tipo de transações em Genebra.

Fonte: Valor Invest

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