O chanceler alemão, Olaf Scholz, anunciou que vai interromper a autorização do início da operação do gasoduto Nord Stream 2, que transportaria gás da Rússia até a Alemanha. O anúncio, feito nesta terça-feira, 22, é uma das medidas adotadas contra o reconhecimento da independência de regiões separatistas da Ucrânia e o envio de tropas para Donetsk e Lugansk. Essa foi a sanção mais dura adotada até agora pelos países do ocidente. Scholz disse que a situação mudou e que essa é uma medida administrativa necessária para que não haja certificação do gasoduto, pois, sem ela, o Nord Stream não pode começar a operar.
Concluído em setembro de 2021, o gasoduto já estava pronto para operar desde dezembro do ano passado, segundo Vladimir Putin. Mas diante do cenário atual, o governo alemão resolveu reavaliar a situação, o que ocasionou no pedido de Scholz ao Ministério de Economia e Tecnologia por medidas administrativas para não certificar o gasoduto por enquanto. Essa sanção é uma forma de retaliar a independência de Donetsk e Lugansk. “Não podemos aceitar o reconhecimento e por isto é tão importante reagir agora e rápido”, disse o chanceler.
Desde o começo, a operação do Nord Stream 2 foi alvo de dúvidas econômicas e geopolíticas. Os Estados Unidos e países europeus, principalmente os do Leste, defendiam que essa obra aumentaria a dependência da Europa do fornecimento do gás russo. Na ocasião, os americanos até chegaram a sugerir vender para os europeus o seu próprio gás liquifeito. Essa interrupção é apenas uma das sanções que podem surgir em relação à independência das regiões separatistas, Olaf Scholz alertou para a adoção de outras medidas caso a situação se agrave e falou sobre punições fortes contra a Rússia por parte da União Europeia. O ministro ucraniano das Relações Exteriores, Dmytro Kuleba, saudou a suspensão, dizendo que foi política e moralmente justificada.
O que é Nord Stream 2?
Nord Stream 2 é uma operação que tem como intuito aumentar o abastecimento de gás russo à Europa, evitando o território ucraniano. Essa certificação foi uma forma encontrada pelos países para ter o produto em um momento em que a produção própria está em queda. Antes da pandemia, as reservas de gás natural da Europa eram de 90%, mas, segundo dados oficiais divulgados em outubro de 2021, a capacidade foi reduzida para 75%. O Nord Stream 2 mede 1.230 quilômetros sob o Mar Báltico e tem capacidade de 55 bilhões de metros cúbicos de gás por ano. Segue o mesmo percurso que o Nord Stream 1, que funciona desde 2012. A operação, promovida pela empresa russa Gazprom e cofinanciada por mais cinco grupos europeus: OMV, Engie, Wintershall Dea, Uniper e Shell, foi orçada em mais de 10 bilhões de euros. A Alemanha, principal promotor do gasoduto dentro da UE, defende que a ajudará a alcançar a transição energética, na qual embarcou. Ao mesmo tempo, tornará seu território um “hub” de gás europeu.
Jovem Pan