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5% da população mundial sofre de depressão; Brasil não trata 80% dos casos


Um grupo de cientistas internacionais estima que 5% da população mundial adulta sofre de depressão. A pesquisa, divulgada pela Associação Mundial de Psiquiatria sobre Depressão e publicada no The Lancet, é assinada pela comissão Tempo, composta por 25 especialistas de 11 países, sendo um deles o Brasil. Como forma de frear o aumento exponencial da doença, os pesquisadores chamam atenção para a necessidade de ações urgentes em conjunto com os governantes, prestadores de serviços de saúde, pesquisadores, pacientes e familiares.

De acordo com os dados da pesquisas, países de baixa ou média renda, como o Brasil, não conseguem diagnosticar ou tratar cerca de 80% a 90% dos casos. Já nas nações de alta renda, metade da população não consegue o diagnóstico. Para os cientistas, esse cenário é o reflexo de várias falhas de políticas públicas. Christian Kieling, professor da Universidade Federal do Rio Grande do Sul e coeditor do relatório, diz que “não há outra condição de saúde que seja tão comum, tão onerosa, tão universal ou tão tratável quanto a depressão, mas que recebe pouca atenção política e recursos”. Para reverter este cenário, os especialistas apresentaram uma lista de recomendações, começando pela mudança no sistema de classificação da doença. Segundo eles, utilizar apenas duas categorias – depressão clínica ou não – é muito simplista, pois trata-se de uma condição complexa que possui uma diversidade de sinais e distintos níveis de gravidade.

Como sugestão para o problema, os cientistas falam sobre uma abordagem personalizada e por etapas para conseguir identificar a cronologia, intensidade dos sintomas e, dessa forma, consiguir passar recomendações específicas para cada necessidade de acordo com o que o indivíduo precisa. “Dois pacientes não compartilham a história de vida e constituição exatas, o que acaba levando a uma experiência única de depressão e diferentes necessidades de ajuda, apoio e tratamento”, explicou Vikram Patel, um dos membros da comissão e pesquisador da Universidade de Harvard, nos Estados Unidos. Como forma de solucionar a escassez de profissionais, eles defendem o recrutamento de agentes comunitários de saúde, dessa forma, é possível informar melhor a população sobre o tema e contribuir para redução do estigma da doença. Com a pandemia de Covid-19, especialistas acreditam que o investimento em programas de prevenção à depressão devem ser intensificados nos próximos anos.

Jovem Pan

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