A reta final do governo Renan Filho (MDB), na área de segurança, está sendo desmascarada pela Sindicato dos Policiais Civis (Sindpol). Seja pela qualidade dos Centros Integrados de Segurança Pública (CISPs) já entregues, promessas não cumpridas e, agora, a novidade: inauguração sem entrega.
O CISP Palmeira dos Índios está fechado desde sua inauguração, com festa pomposa, no dia 17 de dezembro. Na próxima quinta-feira (17), ele completa dois meses sem atendimento ao público, conforme denunciou o semanário Tribuna do Sertão.
Como ocorreram nas demais unidades espalhadas pelo Estado, a inauguração reuniu autoridades estaduais e municipais, foi feita a propaganda do quanto seria útil no combate à violência, mas na prática nada disso aconteceu até agora. O CISP II tem dimensões maiores e custou aos cofres públicos R$ 8,4 milhões com capacidade para receber até 32 presos.
Enquanto isso não ocorrer, a Polícia Civil se vira com o que tem. A Delegacia Regional é a referência para as prisões em flagrante. Como a unidade não foi entregue, os militares que também poderiam ocupar parte do prédio continuam dividindo espaço no 10° BPM, que tem 40 anos de existência.
Para o Sindpol isso é uma incoerência, até porque a entidade vem denunciando a baixa qualidade de prédios já entregues pelo Estado. Na página da entidade, o próprio presidente Ricardo Nazário é quem tem denunciado a falta de condições de trabalho e o quanto alguns prédios, com pouco tempo de uso, já estão deteriorados.
Na última sexta-feira, ele visitou as unidades de São Luiz do Quitunde, São José da Lage e Murici e classificou que estão "largados à própria sorte".
"O Sindpol já tinha denunciado que o projeto do CISP é um elefante branco. Isso está se concretizando. O governo de Renan Filho está terminando o mandato, e os prédios já estão abandonados, sem manutenção e sem recuperação. É o lixão de luxo de R$ 2 milhões do governo do Estado", questiona Ricardo Nazário.
Os problemas na estrutura incluem a queda de reboco, pintura mofada, portões caídos e até falta de banheiro feminino que tem prejudicado o trabalho das policiais femininas. O forro em muitos casos já está caindo, falta refrigeração, infiltração no teto e banheiros entupidos.
"Infelizmente, nenhuma autoridade tomou providências contra a malversação dos recursos públicos do povo alagoano. Estamos mostrando que esses CISPs são verdadeiros desperdícios de dinheiro público", afirma Nazário.
Em São José da Lage, o CISP está funcionando como cadeião, já que, pelo menos, três presos aguardam há três meses a definição sobre seus processos. Falta material de trabalho, manutenção no encanamento e a retirada de mato no entorno do prédio.
Nem em Murici, cidade natal do governador, o CISP escapou das más condições. Há infiltrações no alojamento feminino e o número de presos é maior que a capacidade estabelecida durante a entrega do prédio.