O presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL) condenou a proposta do ex-presidente Lula (PT) que pretende acabar com o teto de gastos imposto pela Emenda Constitucional 95. Disse Lira que em meio à vontade existe o Congresso Nacional que votou e aprovou o teto.
"O Lula tá dizendo que vai fazer um monte de coisa, não só isso [de alterar o teto de gastos], né? Que vai extinguir o teto. São coisas de cada candidato, de cada plataforma política. Só queria lembrar que no meio dos presidentes que estão e que serão eleitos tem o Congresso Nacional. E já deixei bem claro: permanecendo um Congresso de centro-direita, nossa vontade é não retroagir", declarou Lira em entrevista aos jornalistas Marcelo RibeLirairo e Raphael Di Cunto, do Valor Econômico.
"Minha defesa sempre foi desvincular e desindexar o orçamento – lógico, com o quadro inflacionário mais resolvido- e aí você libera o teto, mas com as finanças e com os gastos sobre controle, nada antes disso. Penso que chegar do dia para a noite e dizer "vou acabar com o teto" vai ter uma resistência muito forte", completou.
Lula contra o teto de gastos
Lula tem criticado o teto de gastos em diversas oportunidades. O mecanismo, que limita investimentos estatais, foi estabelecido durante a gestão de Michel Temer (MDB), que assumiu a presidência após o golpe contra Dilma Rousseff (PT). "
Temos que fazer da desigualdade uma prioridade, e não o teto de gastos", afirmou Lula em entrevista à mídia independente em janeiro.
O economista Guilherme Mello, que faz parte de um grupo com cerca de 90 pessoas que estudam propostas para a área da econômica do programa de Lula, criticou o teto em entrevista recente ao Metrópoles. "A realidade mostra que reduzir o investimento se tornou inadequado, na verdade, você tem que recuperar a capacidade de o país crescer, gerar emprego formalizado para seus trabalhadores, gerar receitas. Aí você consegue, a partir desse movimento, encontrar formas, com investimentos corretos e de boa qualidade, com alto impacto na geração de emprego e renda com efeito multiplicado", explicou o economista.