A reação pública do senador Rodrigo Cunha à possibilidade de criação de uma federação partidária envolvendo PSDB e MDB é uma demonstração cristalina da inviabilidade do artifício legal.
O Brasil é um país continental, e os partidos são, em regra, regionais: o PSDB é paulista e mineiro, majoritariamente; o MDB tem presença forte no Norte e no Nordeste – citando só o caso das duas legendas que abrigam Cunha e os Calheiros.
Nos estados em que tucanos e emedebistas têm candidatos viáveis ao governo não há possibilidade de uma aliança decente, em que um dos partidos abra mão da disputa majoritária e apoie o outro pra valer.
Só lembrando que em Alagoas o MDB já tem nome ao governo: Paulo Dantas; o PSDB vai de Cunha, é o que ele sinaliza.
As federações partidárias podem, sim, ser uma ótima solução para os pequenos partidos de esquerda, que precisam superar a cláusula de barreira, além de serem notadamente legendas ideológicas e nacionais.
Mesmo para PT e PSB, partidos mais tradicionais e capilarizados, o cenário de uma possível federação é de potencial embate em vários estados.
Fato é que não dá para criar uma nova cultura partidária com uma canetada.