Para tentar maquiar o clima de insatisfação dos policiais militares e gerar sensação de segurança na população, o Governo de Alagoas está obrigando a guarnição da Rádio Patrulha do 3º BPM, que usa o veículo branco, a sair para as rondas com a "amarelinha", utilizada exclusivamente pelos voluntários da Força Tarefa que aderiram ao boicote do programa que não tem reajuste das diárias desde 2017.
Alguns recrutas foram até obrigados a gravar um vídeo elogiando o trabalho da Força Tarefa, para abafar a crise na segurança pública do Estado. A denúncia foi feita na manhã desta quarta-feira (2) por militares que fazem parte do movimento independente para NÃO adesão ao programa, que é um "serviço extra" executado pelos militares durante suas folgas.
Militares lotados no 3º Batalhão de Polícia Militar de Alagoas, sediado em Arapiraca, gravaram vídeos elogiando o programa Força Tarefa e desmentindo que haja redução no número de viaturas nas ruas da cidade. As imagens foram feitas no Centro, na Praça Manoel André e no Bosque das Arapiracas, nesta quarta-feira (2), Dia da Padroeira da cidade, feriado religioso.
O movimento independente surgiu dentro dos batalhões e é um reflexo da insatisfação dos militares com a forma como o governo tem tratado as demandas da classe. O serviço policial nas ruas será drasticamente afetado com a diminuição do trabalho ostensivo da Força Tarefa e, para não causar impacto na redução de viaturas amarelinhas nas ruas, o governo estaria obrigando a não usarem os outros veículos dos batalhões.
Desde a última segunda-feira (31) que o número de militares a serviço da Força Tarefa foi reduzido, em todo Estado. Na manhã desta terça-feira (1º), por exemplo, das sete viaturas programadas para as rondas em Arapiraca, apenas uma saiu por falta de militares. De acordo com o movimento, a paralisação é por tempo indeterminado, resultando numa redução drástica no policiamento ostensivo e no atendimento das ocorrências em cerca de 40%.
A Associação dos Oficiais Militares de Alagoas (ASSOMAL) tenta viabilizar uma pauta de negociações com o governador Renan Filho, desde o ano passado, mas sem sucesso. Entre os temas está o corte inexplicável dos vencimentos das pensionistas de militares estaduais ou com valores defasados. Além disso, a aprovação do novo sistema de previdência, quadro organizacional e escalonamento vertical pendente também não tem agradado a tropa, inclusive militares que não trabalham como voluntários da Força Tarefa também estão aderindo ao movimento.