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Quando vale a pena conciliar trabalho com uma nova graduação?

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A colunista Sofia Esteves responde arquiteta que sonha com uma formação em medicina, mas não sabe se é tarde para mudar de carreira >> Envie sua pergunta, acompanhada de seu cargo e sua idade, para: [email protected]"

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"No site do Valor tem uma chamada com conteúdo: "É tarde para mudar de carreira aos 35 anos?". Essa é a pergunta que estou me fazendo no último mês. Eu sempre tive em mente trabalhar com fisioterapia ou alguma profissão que estivesse direcionada para trabalhar com reabilitação de crianças e idosos. Mas quando estava buscando meu primeiro emprego, realizei entrevistas e fui chamada em um escritório de engenharia/advocacia". Lá, comecei aos 16 anos com atividades administrativas e, com novo interesse desperto em mim, acabei mudando prestando vestibular para engenharia civil ou arquitetura. Não passei para engenharia mas em arquitetura sim. Após formada, sempre gostei da área de obras de grande porte, logo, acabei indo trabalhar no Pará, em Porto de Trombetas, em um projeto voltado à área de mineração (construção pesada). Foi quando iniciei atividades na área da qualidade - e lá fiquei por oito meses. Após retornar à minha cidade, tentei montar um escritório de arquitetura com mais dois amigos arquitetos. Depois de um ano juntos, e alguns desencontros, resolvi sair da sociedade. Nesse tempo, uma nova empresa me chamou para trabalhar (2013), e adivinha, na área da qualidade/auditorias e sistemas de gestão. E desde então, estou nessa empresa. Contudo, tenho pensado muito na época da faculdade. Meus pais não me orientaram a fazer um curso tipo medicina. Tenho pensado na possibilidade de mudar de carreira, mas vem a dúvida: será que é tarde para mudar de carreira? Conciliar trabalho com estudos? Diante do que contei, qual conselho pode me dar?" Arquiteta, atuando com coordenação de qualidade, 35 anos

Normalmente, começo esta coluna propondo perguntas porque, afinal, a reflexão e o autoconhecimento são fundamentais para qualquer processo relacionado à carreira. Porém, desta vez, vou iniciar o texto com uma resposta: sempre!

O que quero dizer é: sempre vale a pena conciliar o trabalho com os estudos, seja uma nova formação, seja uma pós-graduação, uma especialização de curta ou de longa duração. Desde que, é claro, essa jornada intensa seja uma decisão consciente. Isso significa que, antes de mais nada, você precisa pensar por que e como você vai comprometer boa parte do seu tempo por um período considerável.

Vamos, então, começar explorando os “porquês”. Afinal, por que você gostaria de fazer uma nova graduação? Para fazer uma mudança drástica de carreira? Deixar o seu trabalho atual de lado e se dedicar a algo completamente diferente? Ou seria para complementar a sua primeira formação? Ou mesmo para ampliar o seu conhecimento em uma área de interesse?

Quando o assunto é carreira, o melhor caminho é conhecer os nossos talentos e interesses e buscar entender qual é o nosso propósito, diz Sofia Esteves

Pexels

Entendo que todas essas alternativas são válidas e a verdade é que não existe “a” resposta certa, porém, existem, sim, algumas motivações que podem levar alguém a fazer um investimento ruim de tempo e de dinheiro. Uma delas é apostar em uma nova formação porque ela é “mais segura”, considerada “superior” às outras, um curso que garante um bom futuro.

Quando o assunto é carreira, o melhor caminho é conhecer os nossos talentos e interesses e buscar entender qual é o nosso propósito, em vez de tomarmos decisões buscando quais são as profissões do momento e quais garantem o “melhor futuro”.

Cursos de graduação não são garantias de sucesso e, sim, uma via para você expandir o seu conhecimento, ampliar seu repertório, desenvolver habilidades, fazer relacionamentos, construir rede de contatos e adquirir experiência. Tudo isso junto auxilia a jornada no mercado de trabalho, mas essa é uma trilha tão complexa que não pode ser definida apenas por um diploma.

Pensar nessas questões pode levá-la a adaptar os planos iniciais. Se o interesse é ampliar o conhecimento, ao invés de fazer uma segunda graduação, uma alternativa pode ser uma pós-graduação ou mesmo os cursos de especialização mais curtos. Se você não tem certeza ainda do que deseja, pode considerarse inscrever em algumas aulas on-line sobre o assunto para “testar” um pouco como seria essa mudança radical de área.

Se você tem clareza de qual é o seu propósito, as suas competências e o tamanho do desafio que será encarado durante os anos de graduação, o próximo passo é pensar no “como”. O que você precisaria fazer para viabilizar esse plano? Isso inclui um planejamento tanto de rotina quanto financeiro.

Ainda que você esteja trabalhando, é importante fazer uma pesquisa para entender quanto da sua renda a nova formação consumiria. Principalmente no caso das graduações em que existe uma carga horária mínima de estágio para a conclusão do curso — como acontece em medicina. Aqui, vale analisar também se durante todo o período da nova formação será possível manter o emprego atual ou se você precisará negociar uma redução de jornada ou, inclusive, pedir demissão para dar conta das demandas da vida universitária. Todos esses fatores precisam entrar na conta — literalmente!

Vale ter consciência de que, se você estiver planejando mudar completamente de área, isso significa que você começará a reconstruir a sua carreira. Provavelmente, começará em uma posição ou função mais júnior do que a ocupada atualmente e com uma remuneração também proporcionalmente inferior à que você tem atualmente. É importante ter consciência de que essa transição pode significar começar uma nova trilha profissional do zero.

Mudar de profissão pode ser uma experiência incrível, mas, para isso, é necessário que você olhe para esse processo de maneira realista e planeje. Aproveite para conversar com outras pessoas que passaram por esse tipo de experiência e procure conhecer as alegrias e também as dores da jornada. Aos poucos, você entenderá melhor em que momento da vida está, qual é o seu propósito, o que a motiva e qual é o melhor caminho para chegar lá.

Boa jornada!

Sofia Esteves é psicóloga com especialização em recursos humanos e presidente do conselho do grupo Cia de Talentos

>> Envie sua pergunta, acompanhada de seu cargo e sua idade, para: [email protected]

Esta coluna se propõe a responder questões relativas à carreira e a situações vividas no mundo corporativo. Ela reflete a opinião dos consultores e não a do Valor Econômico. O jornal não se responsabiliza nem pode ser responsabilizado pelas informações acima ou por prejuízos de qualquer natureza em decorrência do uso dessas informações.

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Fonte: Valor Invest

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