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Investidor preocupado com eleições de outubro não é parceiro ideal, diz presidente da MadeiraMadeira

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Já para dirigente da gestora Crescera, que tem mais de US$ 5 bilhões em fundos de venture capital e private equity, relação entre investidor e dono do negócio deve ser horizontal Em que pesem incertezas inerentes à economia brasileira, o país vive o melhor momento para se empreender afirmaram executivos com trajetórias sólidas no universo do venture capital, em painel da Rio Innovation Week. Segundo eles, o contexto de capital disponível, tecnologia em profusão e espaço para novos negócios no Brasil deve prolongar a terceira onda de investimentos em startups por pelo menos dez anos. E nesse ambiente, investidores preocupados com as eleições de outubro não vão longe e nem são parceiros ideais para quem deseja dar escala a um negócio.

“O investidor que pensa em eleição não é um bom investidor. Quanto mais olhar para o longo prazo, melhor, porque dá mais tempo e tranquilidade para o empreendedor escalar o negócio”, diz Daniel Scandian, diretor presidente da loja de móveis online MadeiraMadeira.

A empresa, que começou como uma startup de venda online de materiais de construção “pivotou” — ou ajustou — o negócio para a venda de móveis e objetos de decoração e hoje conta com mais de 2,5 mil funcionários, 20% de participação no mercado e valor acima de US$ 1 bilhão, o necessário para ser definida como unicórnio no universo das startups.

Para bons negócios, relação entre investidor e dono do empreendimento deve ser horizontal, observa Wagner da Silva, da gestora Crescera

Pixabay

O caminho, diz Scandian, não foi simples. Desde 2012, quando o formato foi pensado, foram cinco captações junto a investidores, com dois aportes iniciais de US$ 4 milhões, um terceiro de US$ 27 milhões e outros dois de US$ 100 milhões e US$ 210 milhões. A cada aporte, uma expansão e introdução de tecnologias que permitiram crescimento de 80% ao ano nos resultados da companhia.

“A cada rodada de captação, surge uma empresa nova. Por isso, é importante incorporar bons conselheiros nesse processo”, diz ele, que conta ter buscado investimento das duas maiores empresas americanas do ramo e interlocução efetiva com seus executivos.

A MadeiraMadeira funciona como um hub que conecta clientes a fornecedores com tecnologia “just in time” (de momento) para aprimorar a operação logística e driblar a necessidade de grandes estoques, que sempre marcaram o setor.

Relação horizontal

Fernando Wagner da Silva, da Crescera, que tem mais de US$ 5 bilhões sob gestão em fundos de venture capital e private equity, reforça a importância da boa relação entre o investidor e o dono do negócio, que, sugere ele, deve ser horizontal. “A Crescera é um investidor muito ativo e próximo do empreendedor. Botamos dinheiro, mas damos muito mais, damos as mãos para o empreendedor fazer o negócio acelerar”, diz ele, que lista Hortifruti, Forno de Minas e Estapar entre as dezenas de empresas em que mantêm participação.

Se ambos os executivos são críticos a investidores “nocivos” que miram a conjuntura de curtíssimo prazo, Silva, de seu lado, aponta o empreendedor que se opõe à eventual saída de um investidor do negócio como um fator limitante. "Hoje buscamos empreendedores com cabeça de investidor, que compreendem que a lógica dos investimentos é cíclica e vê como natural a saída de um investidor de seu negócio”, afirma.

Hoje, diz ele, a gestora Crescera busca empresas prontas para serem listadas na Nasdaq sob um novo arranjo, em que a estrutura (“casca”) do negócio já está listada em bolsa e busca-se um ativo a altura para preencher o negócio. Por ora, portanto, a atratividade do negócio é definida pelo histórico da empresa anjo e os negócios que escalonou, como a rede de escolas de medicina Afya, listada na bolsa americana.

Scandian observa que, tamanha é a concorrência entre investidores hoje em dia no Brasil, que a maioria dos cheques em rodadas de captação parte de montantes entre R$ 20 milhões e R$ 25 milhões, bem mais que os R$ 4 milhões alcançados pela MadeiraMadeira em seu início. Isso é prova do quão aquecido está esse mercado de investimento de maior risco no Brasil.

Silva estima que essa terceira onda de investimentos e empreendedorismo, que teria começado por volta dos anos 2010, ainda dure uma década ou mais, comportando o que chamou de “solavancos” – momentos em que o volume de investimento cai. “Estamos vivendo um "solavanco" agora, mas a tendência é que, a partir do ano que vem, o ambiente se estabilize, independente de quem for eleito”.

Ele cita o rebaixamento “mais estrutural” das taxas de juros — que vêm aumentando — como um ingrediente importante na explosão da busca de investidores por negócios que podem render de cinco a seis vezes o que se ganha na renda fixa. “Isso alinhado à disponibilidade de capital, tecnologia e a presença de empreendedores melhor preparados, que estão em seu segundo ou terceiro ciclo [após estruturarem e venderem outras empresas no passado], cria uma sopa muito interessante”, diz Silva.

“Se compararmos com mercados mais maduros, como o americano e europeu, [o venture capital] tem espaço para aumentar de tamanho umas dez vezes”, estima.

Fonte: Valor Invest

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