O Cazaquistão, que registra há dias protestos por causa do aumento do preço do gás, foi marcado nesta quinta-feira, 5, pelo ápice das manifestações no país, com um monumento do ex-presidente, Nursultan Nazarbayev, derrubado e mais de mil pessoas invadindo a sede da prefeitura de Almaty, maior cidade da nação. Segundo a imprensa local, armados com bastões, os manifestantes forçaram os policiais que faziam a segurança do prédio a recuar para ruas próximas e tiraram de vários deles escudos e coletes à prova de balas. Fogo foi ateado a algumas partes do prédio, assim como na sede do Ministério Público e outros 30 veículos. Serviços de internet estão cortados em grande parte do país, e os de telefonia móvel apresentam limitações. Horas antes, o Ministério do Interior do Cazaquistão informou que um grupo de mais de 300 jovens seguia em direção à sede municipal. A polícia iniciou uma operação de contenção e detonou várias granadas, mas não conseguiu conter o protesto. Na cidade de Aktobe, no oeste do país euroasiático, manifestantes também conseguiram invadir a sede da prefeitura, que foi sitiada por mais de mil pessoas, segundo a imprensa cazaque. Na cidade de Kostanai, no norte, dezenas de pessoas se reuniram fora da sede da administração municipal, mas a polícia conseguiu evitar uma invasão. Em Petropavl, também no norte, policiais dispersaram cerca de 50 manifestantes que também foram para a sede da prefeitura local.
Nesta quarta-feira, o presidente cazaque Kasim-Yomart Tokayev aceitou a renúncia do governo do país e nomeou um primeiro-ministro interino após intensos protestos provocados por um forte aumento no preço do gás liquefeito, usado por muitos cazaques para abastecer seus veículos. A fim de frear a agitação, Tokayev ordenou a implementação da regulamentação estatal de preços de bens de primeira necessidade, incluindo gás liquefeito, gasolina e diesel, por 180 dias. Ele também impôs um teto para o aumento dos preços dos serviços comunitários no mesmo período e levantou a necessidade de estudar a possibilidade de subsidiar o aluguel de moradias para os setores mais vulneráveis da população.
Um estado de emergência foi anunciado para tentar conter a violência no local. Com a repercussão do caso, a Casa Branca se manifestou e pediu que as autoridades do país mostrassem “moderação” diante dos violentos distúrbios civis. A secretária de imprensa, Jen Psaki, disse que os Estados Unidos apoiam “os chamados à calma” e disse que os manifestantes deveriam poder “se expressar pacificamente”, instando as autoridades a “agir com moderação”. As Nações Unidas também pediram a todas as partes que “atuem com moderação, se abstenham da violência e promovam o diálogo”. O porta-voz da ONU, Stéphane Dujarric, disse que o organismo internacional estava acompanhando os acontecimentos no país da Ásia Central “com preocupação”. Psaki disse que as “loucas afirmações russas” sobre os Estados Unidos estarem por trás das manifestações maciças são “absolutamente falsas e claramente fazem parte do manual russo de estratégias de desinformação”.
*Com informações da EFE e da AFP
Fonte: Jovem Pan