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Atlas de Diabetes

"Mal do século": Diabetes é a doença que mata em silêncio, alertam especialistas

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A 10ª edição do Atlas Mundial do Diabetes trouxe dados alarmantes a respeito do avanço da doença no mundo. Publicado a cada dois anos, o documento divulgado neste mês pela Federação Internacional do Diabetes traz um panorama assustador: estima-se que 537 milhões de pessoas vivam com diabetes em 2021, o que representa um aumento de 16% na comparação com os resultados de 2019. A projeção é que em 2045 o total de diagnósticos da doença ultrapasse a casa dos 780 milhões, o que torna a enfermidade uma das mais preocupantes a nível mundial. “É uma escalada gigantesca e os índices continuam aumentando apesar dos esforços. O Diabetes Tipo 2 é uma das doenças mais frequentes no mundo, ao lado do câncer e das doenças cardíacas. Ele não só está ao lado, como ele provoca essas doenças. O câncer não provoca diabetes, a doença cardíaca também não provoca, mas o contrário acontece”, explica o diretor da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia Regional São Paulo, Marcio Krakaer.

De acordo com o médico, o Tipo 1 do diabetes é causado por uma doença autoimune, caracterizada pela produção de anticorpos que levam à paralisação da produção de insulina. Já o Tipo 2, responsável por 90% dos casos no mundo, é mais complexo e carrega uma tendência genética. “Você pode ter o gene e nunca ter o diabetes. O que fazer se aparecer? Aí é que entra o problema, é o ganho de peso, a vida agitada, o estresse, a parte emocional. São vários gatilhos para aparecer a doença, mas o principal deles é o ganho de peso”, destaca Krakaer, que vê nessa combinação o chamado “mal do século”. “A preocupação existe porque é uma doença silenciosa. Se você vai em algum lugar e te falam que você tem câncer, você trata e tem motivação para tratar porque o nome câncer tem relação com morte e as pessoas têm medo. Mas se você falar que ela pode ter diabetes, ela não tratar porque acredita que o tratamento é retirar açúcar e você vai tirar o prazer da vida dela.”

Além de trazer a estimativa do número de pessoas que convivem com a doença, o Atlas 2021 aponta que um a cada dois adultos desconhece seu diagnóstico para a enfermidade, uma situação que pode levar a consequências extremamente prejudiciais aos pacientes. A estimativa é que 240 milhões de pessoas vivam com diabetes não diagnosticado. “Quando não é detectado ou tratado de forma inadequada, as pessoas correm o risco de complicações graves e fatais, como ataque cardíaco, derrame, insuficiência renal, cegueira e amputação de membros inferiores. Isso resulta em redução da qualidade de vida e maiores custos com saúde”, explica Thaísa D. G. Trujilho, presidente da Sociedade Brasileira de Diabetes – Regional Bahia e coordenadora da Clínica Médica do Centro Universitário UniFTC. Segundo a 10ª edição do Atlas, a doença foi responsável por cerca de US$ 966 bilhões gastos com saúde ao longo do ano, o que representa alta de 316% nos últimos 15 anos. Apenas no Brasil, foram desembolsados US$ 42,9 bilhões relacionados ao diabetes, o terceiro maior gasto no planeta.

Fator de morte global

Muito mais do que trazer consequências sérias para a saúde dos pacientes, o diabetes é uma das doenças que mais mata do mundo. Ao todo, 6,7 milhões de adultos com idades de 20 a 79 anos morreram em razão da enfermidade e suas complicações em 2021, número que corresponde a 12,2% das mortes por todas as causas na faixa etária. Ou seja, a cada cinco segundos uma pessoa morreu pela doença. Em suma, como fator de morte global, o diabetes fica apenas atrás das doenças cardíacas, que são, inclusive, responsáveis por 50% das mortes por diabetes. “Pessoas com diabetes têm um risco aumentado de desenvolver doença coronariana, acidente vascular cerebral, arritmias e insuficiência do coração, afetando significativamente a expectativa de vida do paciente. Desta forma, é importante o adequado acompanhamento do paciente com controle da glicemia e do rastreamento de complicações. Muito pode ser feito para reduzir esse impacto do diabetes. As evidências sugerem que o Tipo 2 pode frequentemente ser evitado, enquanto o diagnóstico precoce e o acesso a cuidados adequados podem evitar ou retardar as complicações em pessoas que vivem com a doença.”

Fonte: Jovem Pan

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