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FGV: Commodities mais baratas derrubam IGP-10 e devem deixar IGPs em torno de 17% em 2021

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Quedas nos preços de minério de ferro (-19,28%), soja (-3,41%), milho (-4,71%) e outras commodities no setor atacadista conduziram o recuo de 0,14% do IGP-10 em dezembro Um movimento de commodities mais baratas no atacado, iniciado ao longo do segundo semestre, foi principal responsável por taxa menor do Índice Geral de Preços - 10 (IGP-10), tanto na evolução mensal quanto na taxa anual. A conclusão é do economista da Fundação Getulio Vargas (FGV) André Braz.

Nesta quarta-feira (15), a fundação anunciou o IGP-10 de dezembro, que mostrou queda de 0,14%, após subir 1,19% em novembro. Quedas expressivas nos preços de minério de ferro (-19,28%), soja (-3,41%), milho (-4,71%) e outras commodities no setor atacadista conduziram ao resultado.

Ele observa que, na prática, o que ocorreu em dezembro é uma continuidade do atual cenário de commodities com preços menos intensos, que se iniciou em meados desse ano. Isso conduziu o IGP-10 a uma taxa anual em 2021 de 17,30%, abaixo de 2020 (24,16%), e sinaliza resultados similares para outros resultados anuais dos Índices Gerais de Preços (IGPs) de 2021, acrescentou ele.

"É o primeiro IGP fechado do ano", lembrou ele, não descartando que outros indicadores da mesma família possam fechar até abaixo de 17% esse ano.

Ao falar sobre o desempenho do indicador na margem, entre novembro e dezembro, o especialista detalhou que o movimento de commodities mais baratas derrubou o Índice de Preços ao Produtor Amplo - 10 (IPA-10), que representa a inflação atacadista e tem peso de 60% no total do IGP-10.

O indicador atacadista passou de alta de 1,31% em novembro para queda de 0,51%, no período, encerrando o ano com alta de 19,72% — quase a metade da inflação do atacado em 2020, medida pelo mesmo indicador (33,05%).

O economista lembrou que este ano, para a inflação, foi bem diferente de 2020. No ano passado, ocorreu um verdadeiro "choque agrícola" na inflação, com problemas climáticos prejudicando safras e reduzindo oferta. Por consequência, houve elevação de preços de commodities agrícolas, no mundo, em 2020.

A partir de meados de 2021, comentou Braz, no entanto, notícias sobre boas ofertas de grãos e commodities, no mundo, ajudaram a diminuir preços de commodities de origem agrícola, no mercado internacional, com impacto nos preços desses itens no mercado brasileiro.

Isso ocorreu em um contexto onde o preço do minério de ferro também começou a cair, em meados desse ano, acrescentou ele. A China, maior comprador mundial do produto, começou a mostrar demanda volátil pelo minério, devido à problemas com a gigante chinesa do ramo imobiliário Evergrande - cujos empreendimentos demandam o item como matéria-prima - bem como maior restrição ambiental na atuação de siderúrgicas chinesas, que também buscam o produto. Somente o minério representa, sozinho, em torno de 7% do total da inflação atacadista, lembrou ele.

Todos esses fatores, que ajudaram a derrubar preços de commodities no atacado, continuaram a atuar em dezembro, pontuou Braz - o que levou à deflação no indicador atacadista, e na taxa mensal do IGP-10, notou ele.

No entanto, ele fez uma ressalva. O varejo não seguiu as trajetórias de queda registradas no IGP-10 e no IPA-10. O Índice de Preços ao Consumidor - 10 (IPC-10) acelerou de 0,79% para 1,08% entre novembro e dezembro, e terminou o ano com alta de 9,63%, no âmbito do IGP-10 - quase o dobro o observado na inflação varejista de 2020, por esse mesmo indicador (4,72%).

“O varejo está 'contaminado' por aumentos nos setores de serviços e de duráveis”, alertou Braz, que lembrou que a economia de serviços foi a mais prejudicada com o advento da pandemia, em março de 2020, devido à necessidade de restrição social, para prevenir contágio por covid-19.

No entanto, em 2021, com vacinação mais ágil no país e consequente queda no número de casos e de mortos pela doença, várias capitais lançaram flexibilizações nas atividades de serviços, com a melhora do quadro sanitário.

"O setor de serviços está em franca aceleração", acrescentou o economista, comentando que, com a retomada de segmentos como hotelaria e turismo, isso na prática aumenta demanda, e eleva preços.

Ele não acredita que o atual movimento de aceleração nos preços do varejo, que deve continuar em 2022 impulsionado por retomada da economia de serviços, vá conduzir a acelerações nas taxas mensais completas dos IGPs, no começo do ano que vem.

Isso porque, de acordo com ele, há sinais de continuidade em preços menos pressionados em commodities no atacado - o que deve continuar a reduzir a inflação atacadista, em janeiro, e puxando para baixo o resultado total dos IGPs, assim como observado no fim de 2021.

Com a continuidade desse movimento de commodities mais baratas, o especialista não acredita que os IGPs de janeiro de 2022 sejam similares, por exemplo, ao IGP-10 de janeiro de 2021, que subiu 1,33%. "Prevejo taxas abaixo disso [nas taxas mensais dos IGPs]", afirmou ele.

Fonte: Valor Invest

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