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Donald Trump

QAnon esteve em invasão ao Capitólio dos EUA e diz lutar por "nova ordem mundial"; entenda o que é o grupo

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O mundo inteiro voltou os olhos para o Capitólio, sede do parlamento dos Estados Unidos, na última quarta-feira, 6, quando o local foi tomado por uma multidão. No momento, a sessão que certificaria a vitória de Joe Biden foi interrompida por manifestantes pró-Trump, que invadiram o Congresso como forma de protesto. Em frente ao prédio, outros manifestantes balançavam bandeiras azuis e vermelhas, erguiam símbolos e faixas, gritavam palavras de ordem e faziam referência a movimentos de extrema-direita, como o QAnon e Proud Boys. Apesar de estar presente durante o ataque ao Capitólio nesta semana, o QAnon não nasceu ou se estruturou apenas neste episódio. A facção, que cresceu exponencialmente nos últimos anos, tem mobilizado pessoas de diversos países e se organizado em torno de teorias conspiratórias para “estabelecer uma nova ordem mundial”. Mesmo não dependendo da política partidária para manter-se vivo, o movimento considera Donald Trump um herói e, durante seus anos de mandato, o presidente norte-americano retribuiu os elogios, classificando-os como “pessoas que amam nosso país”.

O status messiânico de Trump perante a seus apoiadores faz com que ele tenha uma influência arrebatadora entre grupos como o QAnon. Na quarta, diante de uma multidão convocada por simpatizantes trumpistas, o republicano afirmou que nunca reconhecerá a vitória do rival “em uma eleição roubada” e instou seu vice, Mike Pence, a agir para impedir a certificação do democrata. O inflamado discurso foi rapidamente sucedido pelo tumulto, que terminou com cinco mortos e mais de 90 pessoas presas — entre elas, Jacob Anthony Chansley, que ganhou fama instantânea por protestar trajado com um chapéu de chifres e pele. Também conhecido como Jake Angeli, ele prefere ser chamado de QAnon Shaman (xamã QAnon, em tradução livre). “Não foi um protesto, foi uma insurreição. Um dos episódios mais tristes da nossa história”, esbravejou Biden. Diante da repercussão negativa, Trump condenou a invasão e prometeu “uma transição suave e ordeira”.

Entenda o movimento:

O que é o QAnon?
É um movimento constituído por teorias conspiratórias desencadeadas pela ideia pouco plausível de que, secretamente, o presidente Donald Trump trava uma guerra contra pedófilos adoradores de Satanás presentes na elite do governo, da imprensa e do mundo empresarial. Os que aderem ao QAnon acreditam que estabelecerão uma “nova ordem mundial”, na qual grandes autoridades serão presas e executadas. “Não existe sequer uma teoria de conspiração em que os apoiadores do QAnon não acreditam. Eles criam narrativas paralelas para justificar a verdade, não possuem compromisso algum com a democracia, liberdade e valores norte-americanos. Como pregam um discurso irracional, simples e de grande apelo emotivo, conseguem mobilizar muita gente por meio das redes sociais. Além disso, grandes figuras políticas se alimentam destas narrativas, como Trump nos Estados Unidos e o presidente Jair Bolsonaro no Brasil”, explicou o cientista político Márcio Coimbra.

O que acreditam os apoiadores do QAnon?
“Para o QAnon, a mídia está controlada por apoiadores do Satanás, as eleições norte-americanas foram influenciadas pela Rússia e, até mesmo, a pandemia do novo coronavírus é uma estratégia para incutir medo na população e controlar o mundo. Com o discurso apelativo, o grupo inclui jovens e idosos, os conhecidos "tios do zap", que acreditam em qualquer coisa”, diz Coimbra. As teorias defendidas pelo movimento atravessam as mais diversas temáticas, como a pandemia e as eleições.

Quando surgiu o QAnon?
Objetivamente o movimento surgiu em outubro de 2017, a partir de uma postagem de um usuário anônimo no fórum 4chan. Escritas em códigos e carregando slogans, promessas e temas pró-Trump, o usuário assinou as publicações como “Q”, alegando possuir uma aprovação de segurança dos EUA conhecido como “autorização Q”. A partir de então, as mensagens viralizaram nas redes, ganhando milhares de adeptos. No entanto, Márcio Coimbra afirma que as raízes foram firmadas muito antes. “Frente às vitórias eleitorais do ex-presidente Barack Obama, nos anos de 2008 e 2012, o Partido Republicano sentiu a necessidade de se reinventar e buscar as raízes esquecidas da fundação dos Estados Unidos. Porém, os republicanos tradicionais e conservadores caminharam para um sentido totalmente errado, atraindo uma ala populista que tomou o partido de assalto ao eleger Trump como candidato à disputa eleitoral. Com Trump concorrendo e sendo eleito, o QAnon cresce muito por encontrar no presidente um porto-seguro.”

Quais são os símbolos do QAnon?
Naturalmente, a letra Q é carregada simbolismo para esses teóricos da conspiração. Seguidores do movimento usam o Q em bandeiras, broches e camisetas e outras indumentárias. Os simpatizantes procuram adaptar elementos da direita americana e do conservadorismo. Uma das bandeiras do QAnon, amarela, imita a de Gadsden, criada em 1775, durante a Guerra de Independência dos Estados Unidos, e que se tornou um símbolo do libertarianismo. A cobra pronta para o ataque dá lugar a uma em forma de Q. Em vez da frase “Não pise em mim”, o mantra “Para onde nós vamos, vamos todos”.

Onde estão os apoiadores do QAnon?
Atualmente, o QAnon e suas ideias estão presentes em todo mundo. O crescimento do movimento nos Estados Unidos e a popularização das redes sociais impulsionaram o espalhamento das teorias conspiratórias. Antigamente, os apoiadores não se falavam, mas, com as redes sociais, o grupo pôde se organizar e se articular. Mesmo nascendo em território norte-americano, o QAnon está presente no Reino Unido, Alemanha, Austrália, Brasil e outros países. “Sendo assim, é fundamental que as redes sociais monitorem e bloqueiem de forma ostensiva os conteúdos veiculados pelo movimento”, apontou o cientista político. Twitter, Facebook e Instagram afirmam que trabalham constantemente para banir usuários que disseminam teorias conspiratórias.

Quais as consequências da articulação do QAnon?
A manifestação em frente ao Capitólio foi apenas uma das ações do grupo, que atua virtualmente desde 2017. Presentes em diversos países, seus integrantes não se comunicam apenas via rede social, mas também se infiltram em órgãos governamentais e empresas para incitar “baderna”, como caracteriza Coimbra. “Mesmo com Trump fora do poder, o QAnon continuará ativo porque quer controlar as estruturas sem, necessariamente, controlar o governo. Para isso, tentam enfraquecer instituições, atacar a honra de pessoas nas redes sociais, pressionam o sistema e criam constrangimentos. Certamente veremos muitas ações de sabotagem sendo elaboradas pelo grupo como a tentativa de derrubada de partes do governo e de suas operações financeiras, sabotagens a programas sociais e demais atos terroristas, que impõem uma política de medo na população. As leis e os governos devem ser implacáveis com essas pessoas”, concluiu.

Fonte: Jovem Pan

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