"A ignorância não pode prevalecer sobre a ciência", diz Gilmar Mendes sobre atrasos na vacina contra a Covid-19

No início da noite deste domingo, 3, o ministro do Supremo Tribunal Federal, Gilmar Mendes, usou as redes sociais para reclamar da demora no início da vacinação contra a Covid-19 no Brasil. “Os atrasos e recalcitrâncias na importação das vacinas já passam do tolerável. Países vizinhos já estão iniciando a imunização. Estabelecer um cronograma de vacinação é medida urgente. A ignorância não pode prevalecer sobre a ciência”, escreveu no Twitter. Não foi a primeira vez que o ministro usou a rede para falar sobre o assunto e criticar a politização da vacinação. “Vacinas não possuem ideologia. Sua função científica é salvar vidas, como há tantos anos o fazem. Quase 190 mil já se foram pela #COVID19”, publicou no fim dezembro do ano passado. “A imunização é urgente e deve abarcar todo o país. Devemos confiar nos critérios de prioridade estabelecidos pelas autoridades sanitárias”, acrescentou.

Enquanto vários países já iniciaram a vacinação, o Brasil ainda não tem uma data oficial para começar a campanha de imunização contra o novo coronavírus. Na semana passada, 29, o secretário-executivo do ministério da Saúde, Élcio Franco, anunciou, durante entrevista coletiva de imprensa, que a vacinação estava prevista para começar entre 20 de janeiro e 10 de fevereiro. “Isso vai depender de uma série de fatores, inclusive logística. E vai depender dos laboratórios estarem em dia com seus processos de distribuição contínua e com o processo de registro na Anvisa. Não depende de nós, depende do laboratório cumprir com a sua parte”, explicou o secretário. Mas alguns contratempos podem ameaçar esse prazo.

Neste domingo, 3, por exemplo, o governo federal decidiu restringir a exportação de seringas e agulhas, diante das dificuldades do governo brasileiro de conseguir os insumos. Conforme decisão publicada em 31 de dezembro por meio de portaria da Secretaria de Comércio Exterior do Ministério da Economia, agulhas e seringas foram inseridas no rol de itens essenciais para combate à Covid-19, e que, portanto, passam a ter a exportação impedida. A medida seria uma forma de garantir o abastecimento do país com esses insumos e evitar “prejuízo” ao plano nacional de vacinação contra a Covid-19.

Segundo edital do pregão realizado na semana passada, 29, o ministério desejava receber a primeira parcela de 10 milhões de unidades de seringas e agulhas 30 dias após a assinatura dos contratos. Os produtos também serviriam para a campanha contra o sarampo. A data máxima planejada para a chegada dos insumos era 28 de fevereiro, mais de um mês após o dia 20 de janeiro, apontado como melhor cenário pelo governo para começar a imunização. Se os preços estimados pelo ministério fossem seguidos, a compra de todas as 331 milhões de unidades somaria cerca de R$ 60,7 milhões.