As estatísticas sobre suicídio, uma das prioridades globais de saúde pública, são alarmantes e a maioria dos casos poderia ser evitada. Segundo dados da Organização Mundial de Saúde (OMS), no mundo, uma pessoa comete suicídio a cada 40 segundos. No Brasil, acontece um suicídio a cada 45 minutos.
A estimativa da OMS é de que mais de 800 mil pessoas cometam suicídio todos os anos. Cada morte afeta aproximadamente 135 pessoas de alguma forma, totalizando 108 milhões de pessoas enlutadas por ano. Além disso, pelo menos nove a cada dez suicídios poderiam ser evitados com a promoção de campanhas educativas de prevenção. E foi pensando nisso que a Secretaria de Estado da Saúde (Sesau), por meio da Supervisão de Atenção Psicossocial (Suap), promove o Setembro Amarelo, que é o mês de prevenção e posvenção (assistência de saúde mental aos sobreviventes impactados) ao suicídio.
Este ano, a iniciativa conta com um fórum, cujo tema será "Valorização da Vida: fatores protetivos na prevenção do suicídio", que ocorrerá na próxima quarta-feira (22), das 8h30 às 14h. O evento será híbrido, ou seja, os interessados poderão escolher se assistirão online ou presencialmente, no auditório do Senai, no bairro Poço, em Maceió.
A programação do fórum é gratuita e qualquer pessoa pode se inscrever, através deste link. O fórum conta com duas palestras e quatro mesas temáticas, onde serão debatidos assuntos como populações em vulnerabilidade, perfil epidemiológico do suicídio no Estado, saúde do idoso, uso racional de medicamentos, importância dos sinais no sistema educacional e população em vulnerabilidade na pandemia.
O psicólogo, Rodrigo Gluck, supervisor de Atenção Psicossocial da Sesau, explica que a autolesão e o suicídio abrangem várias esferas. "Não é somente um problema de saúde, pois tem outros fatores agregadores. Sendo assim, é importante o fórum, justamente para promover uma discussão multidisciplinar e com vários entes e órgãos, que de maneiras diretas ou indiretas, lidam com essa problemática", salientou.
Ainda de acordo com Rodrigo Gluck, a expectativa é que, por meio do fórum, seja fortalecida a discussão sobre a necessidade do cuidado e dos fatores protetivos, justamente para fortalecer a prevenção. "Também esperamos que possamos estreitar mais o laços entre as entidades que participarem e que, assim, busquemos caminhos para a temática", completou o psicólogo e supervisor de Atenção Psicossocial da Sesau.
No Brasil, o número de mortes por suicídio chega a 10 mil por ano. Em Alagoas, de acordo com o Anuário Brasileiro de Segurança Pública de 2021, foram registrados 169 suicídios em 2020. No ano anterior, o número foi de 192, ou seja, o Estado apresentou uma queda de 12,4%, comparando 2019 com o ano passado.
Importante Saber – O psicólogo Rodrigo Gluck faz um alerta sobre o papel das pessoas na prevenção ao suicídio. "É importante desmistificar que todas as pessoas podem intervir de maneira adequada na prevenção do suicídio. É necessária uma escuta diferenciada e uma abordagem de uma pessoa treinada. Mas é importante, sim, que todos saibam como buscar ajuda para si ou para terceiros, ao identificar um potencial comportamento autolesivo", ressaltou, ao acrescentar que, "não se deve menosprezar os fatores de risco e, para isso, é necessário a conscientização da população, para que ela passe a ter um olhar diferenciado e saiba como ajudar", afirmou o supervisor de Atenção Psicossocial da Sesau.
Fatores de risco – Dados da Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP) estimam que 96,8% dos casos de suicídio estão diretamente associados a quadros psiquiátricos não diagnosticados, não tratados ou, ainda, tratados de forma inadequada. A depressão é a doença mais associada aos casos de suicídio, mas, outros transtornos mentais como esquizofrenia e abuso de substâncias também podem levar as pessoas a tirarem a própria vida.
Sinais – Podem ser sinais de comportamento suicida as alterações extremas no humor; frases como "eu preciso de ajuda", "eu não sirvo para nada" ou "eu tenho vontade de sumir"; comportamentos de despedida, como doar seus pertences e visitar entes queridos; e comportamentos irresponsáveis e perigosos, sem medir as consequências, como o uso excessivo de álcool e drogas.
O que fazer – Procurar ajuda especializada, impedir o acesso aos meios que possam facilitar o suicídio, como armas, facas, medicamentos e cordas, não deixar a pessoa sozinha, e conversar com calma e sem julgamentos.
Onde buscar ajuda – Centro de Valorização da Vida (CVV), através do número 188, Centro de Atenção Psicossocial (CAPS), Unidades Básicas de Saúde (UBS), Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu), Unidade de Pronto Atendimento (UPA) e hospitais.