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Covas assume mandato em busca de uma marca e sob desgaste político

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Ao ser eleito, Covas indicou que não pretende fazer um embate direto com o presidente Jair Bolsonaro Aos 40 anos, o prefeito de São Paulo, Bruno Covas (PSDB), toma posse nesta sexta-feira para seu segundo mandato, em busca de construir marcas na gestão para projetá-lo no cenário nacional.

O mandato se inicia sob desgaste político, depois que o prefeito cortou a gratuidade no transporte público para idosos entre 60 e 65 anos e sancionou, na véspera do Natal, o aumento de 46,6% de seu próprio salário a partir de 2022, passando de R$ 24,1 mil para R$ 35,4 mil, além do reajuste da remuneração do vice e dos secretários.

Covas terá como um de seus principais desafios lidar com as consequências da pandemia na cidade, com a aprofundamento da desigualdade social, o aumento da população em situação de rua, a pressão sobre o sistema público de saúde e a reposição das aulas para quase meio milhão de alunos da rede pública municipal, sem ainda uma previsão da retomada das atividades presenciais.

Patrícia Cruz via Fotos Públicas

A capital paulista já registrou mais de 482,5 mil casos de covid-19, com a morte de 15,5 mil pessoas pela doença. A prefeitura monitora 698 mil casos suspeitos de contaminação.

A pandemia agravou os graves problemas sociais na cidade e, segundo informações da prefeitura, havia no ano passado ao menos 24,3 mil pessoas em situação de rua na capital paulista. Dados do governo federal mostram um número ainda maior, de 33,2 mil famílias sem-teto. Para Covas, o aumento do desemprego na cidade e os problemas na área de saúde e educação deverão ser as maiores dificuldades a serem enfrentadas no início da gestão.

Em seu novo mandato, o prefeito tentará criar bandeiras próprias, depois de ter feito uma gestão apagada. Covas foi eleito como vice em 2016 na chapa encabeçada por João Doria (PSDB) e assumiu a administração municipal um ano e três meses depois da posse, quando o então prefeito deixou o cargo para concorrer ao governo paulista.

A entrega de uma das principais obras de seu governo, a revitalização do Vale do Anhangabaú, ao custo de R$ 100 milhões, foi alvo de fortes críticas durante a campanha eleitoral e pouco foi exibida pelo prefeito. Na área de mobilidade urbana, a gestão Covas não conseguiu entregar 9,4 kms de corredores de ônibus prometidos (fez apenas 3,2% do previsto).

Em habitação, não entregou as 21 mil unidades habitacionais previstas — foram construídas 10 mil. O prefeito foi criticado também por mudar regras do Bilhete Único, principalmente no vale-transporte, ao reduzir pela metade a possibilidade de integrações.

Agora, o tucano planeja um pacote de obras estimado em cerca de R$ 18 bilhões, com investimentos em mobilidade, com a promessa de 93 quilômetros de corredores de ônibus e 50 km de faixas exclusivas, e a construção de 15 Unidades de Pronto Atendimento (UPAs). Ao falar sobre o descumprimento de promessas, o prefeito diz que pandemia atrasou o cronograma de entrega de obras para a população.

Câmara Municipal

Na Câmara Municipal, o prefeito deve continuar com ampla maioria, mas a oposição será mais forte neste mandato, depois que a bancada do Psol triplicou de tamanho, de dois vereadores para seis. Junto com os oito parlamentares eleitos pelo PT, os opositores terão um quarto das 55 cadeiras do Legislativo municipal.

A atual legislatura será mais diversificada, com a presença maior de mulheres e negros. Pela primeira vez, terá dois mandatos coletivos, ligados às bandeiras feminista e antirracista, e dois transexuais.

Covas trabalha para eleger nesta sexta-feira o vereador Milton Leite (DEM) como presidente da Câmara Municipal. Um dos vereadores mais influentes na gestão do tucano, Leite presidiu a Casa no início da administração João Doria/Bruno Covas.

No mandato anterior, o prefeito manteve em sua base cerca de 60% dos vereadores. O tucano foi eleito em uma coligação com onze partidos e ganhou o apoio de mais cinco legendas durante a campanha eleitoral. Além de contar com Milton Leite para negociar votações, Covas terá o respaldo de seu vice, Ricardo Nunes (MDB), que era vereador na legislatura passada.

Um dos principais desafios de Covas no Legislativo neste primeiro ano do mandato será a revisão do Plano Diretor da cidade. Covas, Milton Leite e aliados do prefeito têm interlocução mais próxima com empresários da construção civil e do setor imobiliário, que fizeram contribuições importantes para o financiamento da campanha de reeleição do tucano.

Câncer

Na luta contra um câncer desde outubro de 2019, Covas deve terminar a sequência de 23 sessões de radioterapia até o dia 15. Depois, passará por exames que determinarão a continuidade do tratamento.

Sem ódio

O prefeito deve dar o tom de suas ações no mandato ao discursar nesta sexta-feira, na posse marcada para as 15h. Ao ser eleito, Covas indicou que não pretende fazer um embate direto com o presidente Jair Bolsonaro, diferentemente do que tem feito o governador paulista, João Doria (PSDB).

Em seu primeiro discurso depois da vitória, disse que governará “sem ódio” e que São Paulo não quer divisões ou o confronto. No entanto, marcou diferenças com o presidente, ao afirmar que sua reeleição significa vitória da “moderação” e da “democracia” ante o “negacionismo e obscurantismo”.

2022

Na campanha eleitoral, Covas prometeu ficar os quatro anos de mandato e não repetir o que os dois tucanos eleitos para a prefeitura, João Doria e José Serra, fizeram: deixar o mandato para disputar o governo de São Paulo.

A possibilidade de o vice de Covas, Ricardo Nunes (MDB), assumir o comando da cidade foi explorada durante as eleições, principalmente depois que o vice se tornou alvo de ataques à campanha do prefeito, sob acusação de participar de um esquema de superfaturamento no aluguel de creches e por ter uma acusação de agressão contra sua esposa.

Secretários

A gestão passará das atuais 28 secretarias para 23. Algumas foram incorporadas a outras pastas. Um dos destaques é a nomeação da ex-prefeita Marta Suplicy, que atuou na campanha de reeleição de Covas.

Veja a lista dos futuros secretários anunciados pelo prefeito:

1- Saúde: Edson Aparecido (atual secretário)

2- Educação: Fernando Padula (nova)

3- Fazenda: Guilherme Bueno de Camargo (novo)

4- Governo: Rubens Rizek (atual secretário)

5- Casa Civil: Ricardo Tripoli (novo)

6- Subprefeituras: Alexandre Modonezi (atual secretário)

7- Relações Internacionais: Marta Suplicy (nova)

8- Urbanismo e Licenciamento: César Azevedo (atual secretário)

9- Inovação e Tecnologia: Juan Quirós (atual secretário)

10- Justiça: Eunice Prudente (nova)

11- Cultura: Alê Youssef (atual secretário)

12- Segurança Urbana: Elza Paulina de Souza (nova)

13- Desenvolvimento econômico e turismo: Aline Cardoso (atual secretária)

14- Mobilidade e transportes: Levi Oliveira (novo)

15- Obras e infraestrutura: Marcos Monteiro (novo)

16- Procuradoria Geral do Município: Marina Magro (atual procuradora)

17- Controladoria Geral do Município: João Manuel Scudeler de Barros (atual controlador)

18- Direitos Humanos e Cidadania: Claudia Carletto (atual secretária)

19- Esportes: Thiago Milhim (novo)

20- Habitação: Orlando Faria (novo na pasta, ex-secretário da Casa Civil)

21- Pessoa com Deficiência: Silvia Grecco (nova)

22- Verde e Meio Ambiente: Eduardo de Castro (atual secretário)

23- Assistência e Desenvolvimento Social: Berenice Gianella (atual secretária)

Fonte: Valor Invest

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