Dados do Hospital Geral do Estado (HGE) e do Hospital de Emergência do Agreste mostram que de janeiro a junho deste ano 7.326 pessoas deram entrada no hospital vítima de acidente de moto. Essa é a maior causa das lesões do plexo braquial (LPB) que associadas ao trauma podem gerar graves disfunções sensitivas e motoras, temporárias ou permanentes, comprometendo o desempenho do indivíduo em vários aspectos.
Quedas, sustentação de carga pesada nos ombros, agressões por objetos cortantes e armas de fogo, também podem provocar as lesões do plexo braquial, assim como, no momento do parto, condição conhecida como Plexopatia Braquial obstétrica. Os sintomas são dificuldades para movimentar a região do ombro, do cotovelo e o movimento da mão. Além de fraqueza muscular, a lesão pode acarretar alterações de sensibilidade, dor neuropática, atrofias, encurtamentos musculares, rigidez nas articulações e deformidades musculoesqueléticas no membro superior afetado, podendo levar até mesmo a alterações posturais.
O neurocirurgião, Gustavo Alencar que é especialista em Nervos Periféricos pela FMUSP – único em Alagoas- e que faz parte do corpo médico da UTI Neurológica do Hospital Memorial Arthur Ramos, explica que por conta da fraqueza muscular e rigidez nas articulações e eventualmente dor, atividades do dia-a-dia podem ficar comprometidas, como por exemplo, pentear os cabelos, beber água, alimentar-se, tomar banho, vestir-se, escrever, praticar esportes, e outros. "Isso pode afetar a qualidade de vida do indivíduo, podendo até mesmo limitar atividades de lazer ou restringir seu desempenho no trabalho, gerando consequências emocionais, sociais e econômicas", pontuou.
Ele ressalta que dependendo do tipo e gravidade da lesão, uma grande maioria dos casos podem necessitar de abordagem neurocirúrgica. "Existem diversos tipos de cirurgia que visam restaurar ou otimizar a função dos nervos comprometidos. Todo paciente com lesão de Plexo Braquial deve ser acompanhado clinicamente, a cada 30 dias, até que se decida a necessidade de tratamento cirúrgico ou não", disse.
Segundo o Neurocirurgião, é importante reconhecer o trauma logo no início para se fazer um acompanhamento cuidadoso, e se necessário, planejar uma correção cirúrgica, já que existe uma janela de tempo ideal para isso (limite), geralmente em torno de 6 meses. "Ela deve ser realizada na maioria dos casos dentro deste período porque após a cirurgia o nervo cresce lentamente, em torno de 1 mm ao dia, falou.
Dr Gustavo alerta que a crescente incidência de lesão do plexo braquial constitui um problema de saúde pública, sendo necessários programas de conscientização, prevenção deste tipo de acometimento e conhecimento da população da existência do profissional habilitado para tentar restabelecer essas grave lesões.