Com variação entre 70% a 95% de eficácia, quatro vacinas contra o coronavírus também são seguras, sem eventos adversos graves, segundo suas desenvolvedoras. Os dados ainda precisam ser publicados, contudo. Entenda cada fase dos testes para vacinas
Quatro das 11 vacinas em teste em humanos contra a Covid-19 que estão na fase 3, a última etapa do desenvolvimento antes do pedido de registro junto às agências reguladoras, já apresentaram dados de segurança e eficácia em proteger contra a doença.
São as vacinas desenvolvidas pela farmacêutica americana Pfizer e seu sócio alemão BioNTech; pela empresa americana de biotecnologia Moderna; pelo Instituto Gamaleya em parceria com o ministério russo da Defesa; pelo grupo anglo-sueco AstraZeneca em parceira com a Universidade de Oxford. Duas delas estão sendo testadas no Brasil.
Todos os dados são preliminares e nenhuma análise do atual estágio destas vacinas foi publicada em revista científica. Veja a seguir, um resumo do status dessas vacinas:
Taxa de eficácia
Pfizer + BioNTech: 95% de eficácia e mais de 94% eficaz em idosos acima de 65 anos, segundo dados preliminares da fase 3.
Moderna: 94,5% de eficácia, segundo dados preliminares da fase 3.
AstraZeneca + Universidade de Oxford: 70%, de eficácia com uma variação de 62% a 90% de acordo com a dose aplicada
Sputnik V: 92% de eficácia, segundo o governo da Rússia,
Em 11 de novembro, o governo russo divulgou os resultados preliminares da fase 3 da vacina Sputnik V, a primeira a apresentar os dados de eficácia e ter registro para aplicação no mundo, mas sem a publicação em revistas e revisão dos dados por outros cientistas. O Instituto Gamaleya foi acusado de romper os protocolos habituais de desenvolvimento para acelerar o processo científico.
A empresa de biotecnologia chinesa Sinovac também encontra-se em testes de fase 3 para a CoronaVac com milhares de voluntários. Apesar de se mostrar eficaz e segura nos resultados das fases 1 e 2, ela ainda precisa apresentar os dados da fase 3, etapa em que é medida a verdadeira eficácia. Por isso, não é possível falar em porcentagem de eficácia da CoronaVac neste momento.
Revista científica publica resultados positivos dos primeiros testes da vacina CoronaVac
A taxa de eficácia representa a proporção de redução de casos entre o grupo vacinado comparado com o grupo não vacinado. Na prática, se uma vacina tem 90% de eficácia, isso significa dizer que a pessoa tem 90% menos chance de pegar a doença se for vacinada do que se não for.
Vacina da Universidade de Oxford e Astrazeneca demonstra efetividade em idosos
Segurança
Pfizer/BioNTech: as empresas disseram que, até agora, não encontraram nenhuma preocupação séria de segurança, com reações adversas leves e menos comuns em idosos. Elas destacaram que todos os dados de segurança exigidos pela agência americana de saúde, a Food and Drug Administration (FDA), para a Autorização de Uso de Emergencial foram alcançados. Na sexta-feira (20), a Pfizer solicitou à FDA uma autorização para a sua vacina, o primeiro fabricante a dar este passo nos Estados Unidos e Europa.
Moderna: empresa afirmou que um estudo de eventos adversos indicou que a vacina foi bem tolerada, sem problemas significativos de segurança. Os efeitos foram leves ou moderados. Com base nesta análise provisória, a farmacêutica pretende solicitar ao FDA o uso emergencial da vacina nas próximas semanas.
AstraZeneca/Oxford: a farmacêutica apresentou um estudo da fase 2 no dia 19, na revista "The Lancet", informando que a sua vacina se mostrou segura e consegue uma resposta dos anticorpos, com reações adversas leves e menos comuns em idosos.
Sputnik V: o governo russo informou que não houve eventos adversos inesperados durante os ensaios da vacina. A comunidade científica aguarda a publicação dos resultados em revistas científicas para ter mais segurança com relação ao imunizante.
Moderna afirma que sua vacina é 94,5% eficaz, segundo análise preliminar da fase 3
Logística e produção
Oxford/AstraZeneca: apesar de ter a menor porcentagem de eficácia (média de 70%), a vacina é a mais barata e mais fácil de armazenar e ser transportada para todas as regiões do mundo. Isso porque ela não precisa estar em temperaturas muito baixas e pode ser armazenado em geladeiras comuns.
CoronaVac: a vacina também promete não oferecer desafios de transporte, uma vez que, segundo um estudo publicado no dia 17, na revista "The Lancet", ela pode ser armazenada em refrigeração padrão, igual a vacina da gripe, e por até três anos, o que ofereceria algumas vantagens para a distribuição. No entanto, os estudos de fase 3 serão cruciais para se comprovar todas essas informações preliminares.
Pfizer/BioNTech: as empresas têm o imunizante que envolverá maiores problemas de logística, uma vez que precisa ser transportado em uma temperatura de -70°C. Isso pode se tornar um grande empecilho em regiões remotas ou muito quentes, principalmente. A farmacêutica americana informou em nota que pretende resolver o problema com uma embalagem especial com temperatura controlada que utiliza gelo seco para manter a condição de armazenamento por até 15 dias.
Moderna: sua vacina também oferece desafio de logística por causa da temperatura de armazenamento, que precisa ficar em torno de -20º C durante todo o transporte. O ponto positivo é que é possível mantê-la em geladeira por até um mês.
Distribuição no Brasil
Pfizer/BioNtech: O Brasil ainda não fez acordo para adquirir a vacina, mas nesta semana o governo brasileiro recebeu executivos da Pfizer para, segundo o Ministério da Saúde, "conhecer os resultados dos testes em andamento e as condições de compra, logística e armazenamento oferecidas pelo laboratório."
Moderna: igual a vacina da Pfizer, ainda não têm um contrato com o governo federal ou estados brasileiros para a aquisição da vacina da Moderna.
AstraZeneca/Oxford: a Fiocruz negociou um acordo com a AstraZeneca para a compra de lotes e transferência de tecnologia, o que permitirá a produção de mais de 70 milhões de doses da vacina no país no início de 2021. Além disso, o acordo prevê a entrega de 15 milhões de doses até dezembro de 2020 e outros 15 milhões até janeiro de 2021. Este o primeiro acordo firmado pelo Brasil e apresentada pelo Ministério da Saúde como a escolha inicial para o Sistema Único de Saúde (SUS).
CoronaVac: o governo do estado de São Paulo tem um acordo com a Sinovac para o recebimento de 46 milhões de doses da vacina. Na quinta-feira (19), as 120 mil primeiras doses prontas da CoronaVac chegaram ao Brasil. O material foi importado da China e desenvolvido pelo laboratório chinês, em parceria com o Instituto Butantan. A previsão é que os profissionais da saúde no estado comecem a receber a vacina em dezembro.
Sputnik V: o governo do Paraná assinou acordo com o Instituto Gamaleya, da Rússia, para parceria no desenvolvimento da vacina. Ainda é importante acertar como seria a produção da vacina do Brasil, o que ainda não ocorreu.
Demais vacinas em testes em humanos
Sinopharm: outro laboratório chinês, ele tem dois projetos de vacinas com institutos de pesquisas do país. A Sinopharm e os outros laboratórios preveem uma capacidade de produção de até 610 milhões de doses por ano das várias vacinas chinesas contra a Covid-19.
Bharat Biotech: a empresa indiana começou a recrutar em novembro cerca de 26 mil pessoas para a sua "COVAXIN", desenvolvida com o apoio do governo, e aposta em uma vacina disponível no primeiro semestre de 2021.
Johnson & Johnson: a empresa americana iniciou dois testes clínicos de sua candidata, composta por um adenovírus modificado, uma de apenas uma dose e a outra com duas doses. Em todo o mundo, 90 mil voluntários devem participar da pesquisa, segundo a France Press. Os resultados são aguardados para o primeiro trimestre de 2021.
CanSino Biological: a empresa chinesa desenvolveu a "Ad5-nCoV" em conjunto com o exército, uma vacina baseada em adenovírus. Os testes de fase 3 acontecem neste momento no México, Rússia e Paquistão, de acordo com a France Press.
Novavax: a empresa de biotecnologia americana trabalha em uma vacina chamada "subunitária" recombinante. A Novavax iniciou em setembro o teste clínico de fase 3 no Reino Unido e no fim de novembro deve começar um teste nos Estados Unidos, segundo a France Press. Dados preliminares são aguardados para o primeiro trimestre de 2021.
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), no total, são desenvolvidas 222 vacinas contra a Covid-19.
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Fonte: G1 Saúde