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Pesquisador Andrew Pollard, diretor do Grupo de Vacinas de Oxford, afirma que cientistas ainda precisam estudar por que a dosagem menor do imunizante ofereceu maior proteção aos participantes. Vacina de Oxford contra Covid-19 tem eficácia média de 70%A vacina contra a Covid-19 desenvolvida pela Universidade de Oxford e a farmacêutica AstraZeneca mostrou eficácia de 90% quando aplicada em meia dose seguida de uma dose completa, anunciaram os cientistas nesta segunda-feira (23).Em contrapartida, a eficácia de duas doses completas foi menor, de 62%.O cientista Andrew Pollard, diretor do Grupo de Vacinas de Oxford e que lidera os estudos, afirma que o motivo para isso ainda é "intrigante" para os pesquisadores."Esses 90% são um resultado intrigante. Acho que é um resultado realmente excitante e intrigante que precisamos aprofundar mais", afirmou Pollard em entrevista à BBC.Vacina de Oxford: com eficácia de até 90%, imunizante tem vantagens de custo baixo, armazenamento e produçãoOutros cientistas do Reino Unido, que não participaram dos estudos, também repercutiram os resultados da vacina.“Esses resultados são intrigantes, com duas estimativas diferentes de eficácia, dependendo da dose usada com a vacina", avaliou Michael Head, pesquisador sênior em saúde global da Universidade de Southampton, na Inglaterra."Ainda não está totalmente claro por que meia dose e uma dose completa eram potencialmente mais protetoras, mas se os resultados finais continuarem a mostrar esse padrão de cerca de 90% de eficácia, isso permitiria um maior suprimento de vacina não apenas no Reino Unido, mas também em todo o mundo", ponderou.Head frisou que os resultados ainda são provisórios e não foram revisados por outros cientistas – etapa que é necessária para publicação em revista científica."Estes são resultados provisórios que não foram revisados por pares e o estudo está em andamento, então, assim como com os outros anúncios recentes da Pfizer e Moderna, devemos ser um pouco cautelosos com essas descobertas", declarou.O professor de doenças infecciosas emergentes e saúde global de Oxford Peter Horby pontuou que, à medida que novos resultados forem chegando, os cientistas terão uma melhor ideia da proteção que a vacina confere.“A eficácia relatada de 70% é uma medida provisória e quanto mais dados forem acumulados, teremos uma ideia melhor da proteção que ela oferece", disse.Os desenvolvedores da vacina calcularam uma eficácia média de 70,4% do imunizante, considerando dados dos testes com meia dose e uma dose completa e com as 2 doses completas."É importante notar que, pelo que ouvimos, a vacina parece prevenir a infecção, não apenas a doença. Isso é importante porque a vacina pode reduzir a propagação do vírus, bem como proteger os vulneráveis de doenças graves", ressaltou Horby.A eficácia da vacina, entretanto, pareceu decepcionante para alguns: as ações da AstraZeneca, farmacêutica que desenvolve o imunizante em parceria com Oxford, caíram 1,8% depois do anúncio da eficácia, que ficou atrás das de concorrentes Pfizer e Moderna (veja detalhes mais abaixo).Na opinião do pesquisador Danny Altmann, professor de imunologia na Imperial College de Londres, é "loucura" criticar alguma das três vacinas – da Pfizer, da Moderna e de Oxford – com base em "fragmentos de dados de fase 3 de comunicados à imprensa"."Para o panorama geral, minha suspeita é que, quando chegarmos daqui a um ano, estaremos usando as três vacinas com cerca de 90% de proteção – e seremos muito mais felizes", declarou Altmann.ArmazenamentoUma vantagem da vacina de Oxford citada pelos cientistas é que ela pode ser mantida em condições normais de refrigeração (entre 2°C e 8°C) por pelo menos 6 meses. É uma vantagem em relação à candidata da Pfizer, que precisa ser armazenada a -70ºC durante o transporte, e da Moderna, que precisa ficar a -20ºC."A vacina de Oxford pode ser armazenada na geladeira, ao contrário do freezer, como as outras duas vacinas, o que significa que é uma solução mais prática para uso em todo o mundo", avaliou Horby.Outras candidatasComo as vacinas funcionam?Nas últimas semanas, laboratórios como a Pfizer, a Moderna e o Instituto Gamaleya, na Rússia, divulgaram resultados iniciais de fase 3 sobre a taxa de eficácia de suas vacinas ainda em desenvolvimento. Nenhuma publicou, até agora, estudo científico com os dados.A taxa de eficácia representa a proporção de redução de casos entre o grupo vacinado comparado com o grupo não vacinado.Na prática, se uma vacina tem 90% de eficácia, isso significa dizer que 90% das pessoas que tomam a vacina ficam protegidas contra aquela doença.Os dados iniciais divulgados pelas empresas apontaram as seguintes taxas de eficácia para suas vacinas em desenvolvimento. Os índices ainda podem mudar:Pfizer: 95% de eficáciaModerna: 94,5% de eficáciaInstituto Gamaleya (Rússia): 92% de eficáciaA FDA, agência regulatória dos Estados Unidos equivalente à Anvisa no Brasil, já anunciou que qualquer vacina deve comprovar 50% de eficácia antes de ser liberada nos EUA.VÍDEOS: veja novidades sobre a vacina contra a Covid-19: