A CIA planejou, sem sucesso, dois complôs para assassinar os líderes cubanos e irmãos Fidel e Raúl Castro nos anos de 1960, de acordo com documentos desclassificados que foram divulgados nesta sexta-feira, 16, pela ONG americana National Security Archive. Por ocasião do VIII Congresso do Partido Comunista de Cuba (PCC), que deverá marcar a aposentadoria política de Raúl Castro, foram divulgados documentos sobre um complô para fingir um acidente em um voo entre Praga e Havana e outro ligado à invasão da Baía dos Porcos, em 1961. Os documentos, seis no total e que incluem memorandos e telegramas, mostram as providências tomadas por funcionários das agências de inteligência, que incluíram a oferta de um pagamento de “US$ 10 mil ou uma quantia razoável superior a esse valor” para “incorrer no risco de encenar um acidente aéreo”.
O chefe da CIA em Cuba em 1960, William J. Murray, discutiu esse plano com o piloto cubano José Raúl Martínez, que trabalhava para a companhia aérea Cubana Airlines, que foi contratada para um voo charter para Praga, realizado em 21 de julho de 1960, e que em seu retorno a Havana traria Raúl Castro e outros membros do partido comunista. “O piloto, que a CIA havia recrutado anteriormente como um ativo de inteligência em Cuba, "pediu garantias de que no caso de sua (própria) morte, os Estados Unidos cuidariam para que seus dois filhos recebessem uma educação universitária'”, disse a ONG. A trama nunca foi executada porque o piloto “não teve oportunidade de organizar um acidente” durante o voo. Os envolvidos haviam considerado a possibilidade de um superaquecimento do motor em terra ou um pouso “a umas três horas de Cuba”. Murray havia recebido anteriormente uma contra-ordem sobrepondo-se à trama, embora ele não tivesse tido oportunidade de se comunicar com o piloto.
Outra tentativa, desta vez para assassinar Fidel Castro, começou a nascer semanas após o complô contra Raul Castro, ainda segundo a ONG. Em agosto de 1960, o diretor de operações secretas da CIA Richard Bissell autorizou “uma missão sensível” que exigia uma ação de gangue para matar Fidel Castro e “aumentar as chances de sucesso do programa contrarrevolucionário da CIA para derrubar seu regime”. Para a operação, a Divisão de Serviços Técnicos da CIA “desenvolveu uma pílula que tinha os elementos de solubilidade rápida, alto conteúdo letal e pouca ou nenhuma rastreabilidade”. Foram produzidas seis unidades que seriam dadas a Fidel misturadas com algum alimento ou bebida.
A trama, que não se concretizou, “foi cancelada logo após o episódio da Baía dos Porcos”. A invasão da Baía dos Porcos, que ocorreu de 15 a 19 de abril de 1961, envolveu cubanos treinados e financiados pelos Estados Unidos para derrubar Castro, mas acabou fracassando. Peter Kornbluh, que dirige o projeto Cuba da National Security Archive, afirmou que, “assim como a derrota dos invasores liderados pela CIA na Baía dos Porcos marcou uma virada histórica para a jovem revolução”, o “início oficial da era pós-Castro marca um importante ponto de inflexão para o futuro de Cuba”.
*Com informações da EFE
Fonte: Jovem Pan