O Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) determinou a paralisação por tempo indeterminado das obras de revitalização do Centro de Maceió, orçadas em R$ 4,4 milhões, após possíveis danos ao patrimônio arqueológico do centro histórico da capital. O 'embargo' aconteceu após trabalhadores da obra encontrarem vestígios dos trilhos dos antigos bondes, além de elementos que, possivelmente, podem caracterizar um sambaqui (sítios arqueológicos deixados por povos pré-históricos que habitavam a costa brasileira de 7 a 8 mil anos atrás, muito antes dos tupis-guaranis. Esses sítios são geralmente compostos por ossos de peixes, pássaros e mamíferos, além de conchas de moluscos e outros materiais orgânicos), conforme foi constatado por técnicos do órgão que estiveram no local.
"Diante disso, o Iphan alertou à Prefeitura de Maceió e solicitou a paralisação temporária da obra. Pediu ainda que cercassem o perímetro da área para a devida proteção do sítio arqueológico cadastrado pelo Instituto. O Iphan reconhece a importância dessa ação da Prefeitura, um projeto de acessibilidade que atende demandas cotidianas do cidadão", diz a nota do Iphan enviada à redação do TNH1.
Ainda de acordo com a nota, Iphan, Prefeitura de Maceió e demais órgãos envolvidos "estão em diálogo para conciliar a proteção do Patrimônio Arqueológico com a retomada das obras no prazo mais breve possível".
De acordo a Prefeitura de Maceió, uma reuniçao nesta nesta sexta-feira (12) vai discutir a melhor forma para retomar as obras seguindo os critérios necessários para preservação do patrimônio cultural e histórico da cidade.
Prejuízo
À princípio, a notícia da suspensão chegou à redação do TNH1 por meio de áudios de comerciantes que se sentem prejudicados e veem a queda do movimento de suas lojas por conta das obras, que tinham previsão de conclusão para o próximo mês de dezembro.
"Hoje, para surpresa nossa, ficamos sabendo que a obra foi embargada por tempo indeterminado porque acharam o trilho de quando passava por aqui o bonde, e não poderiam ter arrancado esses trilhos debaixo das pedras, que é patrimônio não sei de quem, e que não servia de nada pra gente, porque já havia passado a pavimentação anterior por cima", disse um comerciante.
Segundo ele, os comerciantes da Rua da Alegria estão sendo penalizados com essa situação e o movimento, ainda de acordo com ele, despencou. "Por aqui já não está passando ninguém, e com essa obra embargada ficou ainda pior", disse o comerciante.
De acordo com informações do site História de Alagoas, "os bondes elétricos passaram a circular em Maceió no dia 12 de outubro de 1913, no Governo de Clodoaldo da Fonseca, sendo a concessão da Companhia Alagoana de Trilhos Urbanos, de propriedade da família Machado". No site é possível ver uma foto que mostra a inauguração do sistema de bondes elétricos, na Praça dos Martírios, no dia no dia 12 de outubro de 1913.