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Justiça do Peru nega pedido de prisão preventiva de Keiko Fujimori

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O 'romotor José Domingo Pérez, que trabalha na equipe da Lava-Jato peruana, havia solicitado ao juiz Víctor Zúñiga uma nova prisão preventiva por descumprimento da restrição de se comunicar com testemunhas do processo A Justiça do Peru negou nesta segunda-feira (21) o pedido feito pelo Ministério Público para que fosse revogada a liberdade provisória de Keiko Fujimori, candidata à Presidência do país.

Em 10 de junho, o promotor José Domingo Pérez, que trabalha na equipe da Lava-Jato peruana, havia solicitado ao juiz Víctor Zúñiga uma nova prisão preventiva por descumprimento da restrição de se comunicar com testemunhas do processo. Pérez afirmou que havia evidências "públicas e notórias" de contatos com o deputado Miguel Torres Morales, também acusado e com quem Keiko estava proibida de falar.

Zúñiga, no entanto, determinou em sua decisão que a solicitação era infundada.

No mesmo dia do pedido de sua prisão, a candidata direitista, acusada de lavagem de dinheiro e de ter recebido caixa dois e suborno em suas campanhas eleitorais, havia convocado uma entrevista coletiva justamente ao lado de Morales para chamar a medida de ato político e dizer que não deixaria de "dar a cara à Justiça como sempre fez".

"Estou surpresa com o pedido ter aparecido hoje, justamente quando estamos pedindo que se respeite a democracia, acatando os nossos pedidos de impugnação de atas", afirmou Keiko, que chegou a ficar presa por mais de um ano enquanto a investigação se desenrolava. "Não vou me deixar distrair por esse pedido de prisão, minha atenção está focada na revisão das atas suspeitas."

A candidata busca na Justiça reverter a pequena diferença pela qual foi derrotada na disputa à Presidência com o esquerdista Pedro Castillo - ainda que o vencedor não tenha sido oficialmente anunciado.

Com 100% das urnas contabilizadas, o resultado aponta 50,12% para o esquerdista e 49,87% para a filha do ex-ditador Alberto Fujimori. O anúncio oficial, entretanto, ainda depende do Júri Nacional Eleitoral, responsável por analisar a impugnação de atas de votação, já que Keiko, mergulhada em um discurso de que houve fraude no pleito, pediu a revisão de 300 mil votos e a anulação de outros 200 mil.

Os 60 Júris Eleitorais Especiais (JEE) devem decidir, em primeira instância, a validade de milhares de votos contestados pelos delegados dos partidos de cada candidato. Depois, o Júri Nacional Eleitoral (JNE) analisa as decisões dos JEE e proclama o vencedor.

No dia 9 de junho, Keiko tinha feito um pronunciamento em que apontou supostas irregularidades cometidas por apoiadores de Castillo, o que, para ela, constituiria "fraude sistemática". Ela também apresentou pedidos de impugnação de diversas atas de votação ao Júri Nacional de Eleições.

Quando apareceu à frente de Castillo, nos primeiros relatórios divulgados pela Onpe, o órgão eleitoral peruano, com quase seis pontos percentuais de vantagem, Keiko reagiu com moderação e pediu prudência a seus eleitores, afirmando que não havia vencedores ou derrotados na eleição e defendendo a unidade dos peruanos.

Ainda no domingo (6) da eleição, durante o café da manhã com eleitores - uma tradição dos candidatos presidenciais no dia da votação -, ela disse que aceitaria os resultados e assumiu o compromisso de respeitar a vontade popular. "Será a decisão que o nosso país definir, se tenho que servir como presidente ou como uma simples cidadã."

O discurso de Keiko, no entanto, foi mudando de tom conforme a apuração avançava e Castillo assumia a liderança. A candidata acusou a existência de fraude e foi contrariada por observadores internacionais.

Já Castillo se declarou vencedor na terça (8) após o pleito, embora os órgãos eleitorais não tivessem feito nenhum pronunciamento oficial confirmando o resultado.

Se a vitória de Castillo se concretizar, ele será o primeiro presidente peruano sem vínculos com as elites políticas, econômicas e culturais. Sindicalista e professor do ensino médio, ficou conhecido ao liderar greves de docentes, a mais famosa delas em 2017. Castillo defende maiores salários aos empregados do setor da educação, tem um discurso anticorrupção e propõe dissolver o Tribunal Constitucional e a Constituição de 1993 - segundo ele, os responsáveis por permitir práticas irregulares.

Um sucesso dele representa, também, a terceira derrota de Keiko nas urnas - ela já foi candidata em 2011 e em 2016, perdendo ambas as vezes no segundo turno. Como consequência, a política, que assumiu há 15 anos a tarefa de reconstruir quase das cinzas o movimento político de direita fundado por seu pai, o ex-ditador Alberto Fujimori, em 1990, teria que ir a julgamento sob risco de acabar na prisão.

Keiko Fujimori

Fabiola Granda/Bloomberg

Fonte: Valor Invest

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