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Política monetária deve operar sob pressão em grande parte de 2021, diz Mesquita

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Inflação elevada e montante de vencimentos de títulos públicos no segundo trimestre são duas fontes de preocupação para o BC, apontou na Live do Valor O Banco Central deve voltar a elevar a Selic somente no fim de 2021, mas a política monetária vai operar sob pressão em boa parte do próximo ano, na avaliação de Mario Mesquita, economista-chefe do Itaú Unibanco.

Na Live do Valor desta segunda-feira, Mesquita afirmou que duas “corcovas” devem ser fonte de preocupação para o BC no primeiro semestre: a inflação medida pelo IPCA, que vai seguir elevada e deve chegar a 6% nos 12 meses até maio, e um montante importante de vencimentos de títulos públicos no segundo trimestre.

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Nas estimativas do Itaú, disse Mesquita, o indicador oficial de inflação vai chegar a maio com alta de 5,7% na medida anual — bastante acima da meta perseguida para 2021, de 3,75%. “Quando isso acontece, a ancoragem das expectativas de inflação passa por um teste. Olhando por hoje, se as expectativas se mantiverem ancoradas, aí a alta de juros é só no fim do ano que vem”, afirmou o ex-diretor do BC, com vistas a garantir a convergência do IPCA à meta em 2022. “Se as expectativas começarem a desancorar, aí talvez o BC tenha que antecipar o início do processo de normalização”.

O cenário-base do banco contempla que a taxa básica de juros vai ser elevada dos atuais 2% para 3% a partir do fim do próximo ano. Mesquita destacou que, mesmo considerando este aumento, a Selic ainda vai continuar em patamar historicamente baixo, mas que há outra pré-condição importante para que a política monetária siga estimulativa: retomar o controle sobre a trajetória dos gastos públicos.

“Voltar para o regime do Bolsa Família ou, se quiser aumentar o gasto social, fazê-lo ainda dentro das restrições do teto de gastos são pré-condições para manter os juros num nível baixo”, alertou Mesquita, e é essa a hipótese que está contemplada no cenário principal da instituição para 2021.

De acordo com o economista, sob esta premissa, que considera o fim do auxílio emergencial, os gastos com transferências sociais vão diminuir de R$ 18 bilhões ao mês este ano para cerca de R$ 3 bilhões mensais no próximo. “Com isso, teremos um crescimento modesto na margem”, comentou.

Em sua visão, a alternativa sugerida pelo Fundo Monetário Internacional (FMI), de estender o auxílio emergencial para 2021 dentro do limite imposto pelo teto, pode gerar reação negativa dos investidores. “O comportamento do mercado sugere que a reação será adversa se estendermos o auxílio”, afirmou.

Num cenário alternativo, sem a retomada do controle sobre as contas públicas, o câmbio poderia se depreciar ainda mais, o que geraria mais inflação, alertou Mesquita. O Itaú estima que o dólar termine 2020 cotado a R$ 5,25, e em R$ 5 em 2021. “O conselho do FMI faz muito sentido num país com a dívida baixa, que não precisa se preocupar com a trajetória de dívida como é o nosso caso. É complicado um país endividado ficar estendendo o auxílio indefinidamente”, apontou o economista.

Reprodução

A entrevista, mediada pelo editor-executivo de opinião, José Roberto Campos, e pela editora do Valor PRO, Lucinda Pinto, pode ser assistida na íntegra pelo site e pelas páginas do Valor no YouTube, no LinkedIn e no Facebook.

Fonte: Valor Invest

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